Sanduba arretado

Hoje raramente degusto - ou devoro - um sanduíche, mas fui doido por eles. Adorava o Bauru. Mas o que me fazia babar era o sanduíche de queijo do reino. Devorei minha cota de baurus, hambúrgueres, tudo das macdonalds e dos "cai duros" das esquinas. O melhor Bauru que degustei foi o da lanchonete Tops em Fortaleza no final dos anos sessenta. Agora fazendo uma dieta braba, tchau sanduba.

Mas o que desejo nesta maltraçada é que degustei um sanduba inventado por mim mesmo, um sanduba arretado. Diz o provérbio chinês que a necessidade é a mãe das invenções. Explico: quando golpe de 64, prenderam meu pai, era comunista. Foi meses antes do meu ingresso num banco oficial. Como minha mãe e meus irmãos menores foram para o Recife, minha mãe foi tentar viditar meu pai e lutar para tentar soltá-lo, eu fiquei sozinho em casa. O almoço uma tia mandava, mas o resto eu tinha que me virar. Foi aí, por pura necessidade, que inventei o sanduba de extrato de tomate. Seguinte: abria o pão e passava o extrato de tomate como se fosse manteiga e ainda botava um pouquinho de coentro e cebolinha. Degustava todo dia uns cinco ou seis, acompanhadobpor garapa de água com açúcar.

Ainda hoje sinto o gosto daquele sanduba arretado. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 17/12/2016
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