Nem só de luz vive o homem
Lá do outro lado do mundo, na terra dos cangurus, dos coalas e dos aborígenes surgiu uma escritora que afirma, entre outras coisas, que é possível viver de luz. Em seu livro "Viver de luz" best seller consagrado mundialmente, ela ensina passo a passo todos os conhecimentos necessários para que você deixe de ser um comedor compulsivo ( aquele glutão capaz de matar a própria mãe por comida ) e se transforme em um ser que se alimente de luz. Alimentar-se de luz significa abrir mão de todos os paladares aclamados do mundo gourmet e viver como os iluminados indianos. Ou seja, alimentar-se do prana ( energia do sol, captada através da respiração ).
Esta escritora com ares de faquir atesta que esse "coquetel de luz" contém todos os nutrientes necessários à manutenção da vida. Um dia desses, uma mulher suíça, aparentemente, resolveu seguir à risca a fórmula para se "viver de luz". Infelizmente, ela acabou morrendo de fome e descobriu da maneira mais difícil que a luz solar não é realmente um bom alimento a menos que você seja uma planta. Eu acredito que ela não teve sucesso em sua "empreitada gastronômica prânica" por falta de um pré-requisito essencial: o terceiro olho. Eu já vi um gato abandonado ser alimentado por uma cadela, mas nunca vi um animal ser alimentado por uma árvore. Percebeu? Os nossos "parentes irracionais" nos superam de longe quando o assunto é bom senso.
É lógico que esses "comedores de luz" despertaram a ira dos chefes de cozinha que vivem nos instigando, com manobras sorrateiras, a manter os nossos buchos cheios. Para mim, "comedores de luz" não passam de meras criaturas humanas. "Viver de luz" não tem nada de extraordinário! No nosso mundo surreal da gastronomia, vale tudo para encher literalmente a pança. Tem gente que come lâminas, pregos, parafusos, vidro, papel, madeira, baratas, formigas, aranhas, ratos, lesmas, baiacus, macacos, cachorros, cavalos, elefantes, cobras, humanos, meleca de nariz, cabelos, unhas (inclusive do dedão do pé) e, por incrível que pareça até merda, sempre acompanhada, é claro, de uma boa caneca de urina. Afinal de contas, como diria aquela música popular: "Comer, comer, comer, comer, é o melhor para poder crescer."
Estes humanos com "complexo de lâmpada" pelo fato de não comerem nada, correm o risco de ficarem tão leves, tão leves, que- de repente- acabam subindo aos céus (como balões infláveis) a caminho da eternidade. Enganam-se os que pensam que os "comedores de luz" levem uma vida marcada pela precariedade e rudeza. Muito pelo contrário, todos eles são amantes da boa e velha vida. Gostam de uma boa casa, um bom carro, uma boa mobília, um bom entretenimento, enfim, gostam de uma vida cercada de luxo e prazeres mundanos. Afinal de contas, nem só de luz vive o homem, é necessário também o ouro. Cabe aqui uma pergunta: Será que os alienígenas não têm nada melhor para abduzirem do que humanos que pensam que são plantas? E antes de ir preparar o meu jantar suculento, deixo aqui para você um recado : "Se você quer viver de luz não precisa ir tão longe, basta seguir os ensinamentos do mestre maior, Jesus." Bom apetite!