O menino e o homem

Ia colocar uma maltraçada contra a aprovação da PEC da maldade, mas aí li que Caiadão estava sugerindo a renúncia do Drácula. Desisti. O Brasil é mesmo um país surrealista. Fico apenas, como bem colocou Vera Moratta, de luto. Vou tratar de outro assunto.

Ninguém consegue esquecer seu passado. Tinha razão Antonio Maria quando dizia que era um menino grande. Por mais que a vida nos transforme, adapte e até endureça, sempre seremos o menino de ontem. Sem a ingenuidade e os sonhos, claro. Mas a alma é a mesma, até mesmo certos gestos e reações. Eu diria que até a linguagem lembra a infância. Nunca nos desencarnamos do menino que fomos. Sempre achei que o menino de ontem e o homem de hoje são dois irmãos. Parecidíssimos. Há quem discorde. Nega-se tanta coisa, né mesmo? Mas no fundo, no fundo mesmo, não se consegue negar a infância, ela sempre permanece viva e bulindo dentro da gente.

Sem ser poeta, mas porque acredito que o menino e o homem tem muito em comum, cometi um poema de pé quebrado intitulado DOIS IRMÃOS, cheguei até a publicá-lo aqui no RL. Vou transcrevê-lo:

"O homem e o menino/ Dois irmãos, de sangue e de vida/ Duas faces de uma mesma morda/ E a certeza de um só destino.// O homem parece um menino/ E o menino parece um homem/ Os sonhos de hoje são os de ontem/ O que é pecado é também divino.// Ninguém explica a vida/ As pessoas apenas vivem/ Pecando e fazendo o bem/ Eivadas de certeza e de vida.// O homem é pai do menino/ O menino parece o avô do homem/ São tanto o príncipe quanto um zé ninguém/ Uma sinfonia e também um hino".

Pardón pelo poema de pé quebrado. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/12/2016
Código do texto: T5852271
Classificação de conteúdo: seguro