LIBRA
Sofrendo a má influência do zodíaco eu sou o signo do equilíbrio e da justiça, aquele que o cosmos, os astros e estrelas regem como LIBRA. O mais justo e correto das doze casas é a minha fama carregando comigo o símbolo da balança onde se pesa a verdade e os corações, em mim reside a harmonia do ego.
O preço justo na transação mercantil, o julgamento e a salvação da alma dos egípcios, a representação máxima do sistema de leis da sociedade na figura vendada de Têmis, a guardiã dos juramentos. Entretanto esta é apenas parte da verdade da minha existência.
Como trago na balança dois pesos, meço por meio de meu interesse e desejo tudo - há ante a mim sempre duas medidas. Escolherei a que melhor convém dentro das minhas expectativas. Por isso também posso valorizar o ordinário e tornar o comum magnífico confundindo a mente do inimigo e o fazendo confiar em mim com a intimidade da mais profunda amizade, uma serpente hipnotizante é a minha língua de prata mesmerizante.
Ceder favores prometendo que o fardo da mentira e enganação não será cobrado, adulterar a balança do respeito para que ela penda a meu favor, posso ser o mestre dos espelhos, da ilusão, em um labirinto de argumentos farei você perder a sua razão mesmo quando estiver correto. Um monstro do mais terrível pesadelo que não desaparece quando você desperta.
Eu decido o destino, o instinto, o algoritmo da verdade é meu para me servir como ferramenta e como um sádico déspota distorço a imagem de um anjo facilmente e o transformo em um anjo, mas caído. Todos me são queridos pois todos podem me ser úteis, só me aproximo daqueles que terei algo para extrair, não vejo pessoas, vejo produtos e serviços.
Semeio a semente da discórdia para forjar acordos e reconstruir os separados unindo-os. A infâmia é a minha espada para lhe fazer ajoelhar, o peso da vergonha é a coroa que coloco em meus discípulos para aprenderem que não há como se rebelarem contra o seu monarca, a justiça não tarda à toa, mas falha quando quer. Sua cegueira é mantida por meu desejo, todos são iguais no desespero.
Então se você é um refém do horóscopo, das artes ocultas, esotéricas e místicas saiba que é preciso me temer. Sou o maior golpista, o usurpador, o vigarista-mor que irá se tornar o tirano perfeito travestindo-se de legalidade para agir como bem entender. Se é que você me entende irei fazê-lo acreditar que não há nada a temer. E farei isso enquanto te privo de seus direitos e condeno seu futuro. Farei isso e tudo mais enquanto te abraço sorrindo. E você, ovelha perdida em superstições irá ainda me defender dos poucos que não forem enganados, vítimas lambendo as botas do seu deus opressivo.
A maior lenda que espalharei é que para tirá-lo da crise de nervos, precisarei te lobotomizar para anular seus efeitos. E você sem realmente compreender irá aceitar se tornar meu boneco, mais um plebeu miserável em meu reino.