_______Codinomes – A Lista
Todo Feio nasceu numa cidadezinha de interior. Era de boa família e mantinha, na verdade, hábitos muitos simples e saudáveis. Suas distrações prediletas eram tomar, de vez em quando, um Campari com o Primo, num bar perto de casa, e brincar com Bitelo, um gatão Angorá que tinha ganhado de um Velhinho vizinho de sua avó. Até à Missa, Todo Feio ia. Rezava, e prometia a Deus ser um bom homem para todo o sempre, amém.
Quando ficou rapaz, migrou para a capital. Ali levava uma vida nada sedentária. Era um Corredor contumaz às margens da Lagoa, praticava taekwondo, jiu jitsu e judô — às quartas, vestia o seu Kimono e lá se ia para o treino. Amava também o futebol: era louco, fanático, doente pelo Botafogo.
Todo feio era realmente muito feio. Tinha cara de Múmia, um cabelo liso e aparadinho à moda Índio, Boca Mole e a cabeça dura: embora os pais lhe tivessem ensinado bons princípios ele não os ouviu. Resolveu ser político e foi aí que a coisa destrambelhou. Não foi difícil o destrambelhamento, pois, de Santo, Todo Feio não tinha nada. Usou de má fé e enveredou pela Babel da corrupção. Cresceu na carreira e ganhou rios de dinheiro com propinas: em pouco tempo tinha o próprio Helicóptero, mansões, fazendas, uma Ferrari de cada cor, plantações de Caju no Nordeste e uma exportadora de pizza de Caranguejo — raridade da culinária brasileira, sucesso total no mundo inteiro, inclusive em Angola, onde Todo Feio se infiltrara pelos braços da bandidagem política.
Além de ser todo feio, Todo Feio era também muito Chato. Nas rodinhas de amigos, sempre que chegava, todo mundo dava um jeito de ir saindo de fininho. E assim ele seguia entre discursos inflamados nos palanques, compras de votos e vitórias roubadas. Mas ele queria mais. Já não lhe bastavam vereanças e prefeituras. Até que um dia, Todo Feio estando em campanha nas eleições pelo governo do Estado, se encontrou com o Gripado, seu fiel inimigo em antigas disputas pelo poder.
A coisa ficou Feia! Todo Feio insultou o adversário chamando-o de ordinário, ladrão, safado, golpista e até... Político! Mas a palavra que decidiu a tragédia foi Decrépito. Decrépito? Não! decrépito não! Gripado era um vaidoso de marca maior e estava casado com uma garota 52 anos mais jovem. Não, ele não poderia perdoar tamanha ofensa. Reagiu na mesma hora, disparando dois tiros à queima-roupa em seu arqui-inimigo das urnas. Todo Feio nem teve tempo de gritar por Misericórdia...
*(Inspirado na recente listinha da Odebrecht. Ainda falta muita gente, por total falta de espaço rsrs...)
Todo Feio nasceu numa cidadezinha de interior. Era de boa família e mantinha, na verdade, hábitos muitos simples e saudáveis. Suas distrações prediletas eram tomar, de vez em quando, um Campari com o Primo, num bar perto de casa, e brincar com Bitelo, um gatão Angorá que tinha ganhado de um Velhinho vizinho de sua avó. Até à Missa, Todo Feio ia. Rezava, e prometia a Deus ser um bom homem para todo o sempre, amém.
Quando ficou rapaz, migrou para a capital. Ali levava uma vida nada sedentária. Era um Corredor contumaz às margens da Lagoa, praticava taekwondo, jiu jitsu e judô — às quartas, vestia o seu Kimono e lá se ia para o treino. Amava também o futebol: era louco, fanático, doente pelo Botafogo.
Todo feio era realmente muito feio. Tinha cara de Múmia, um cabelo liso e aparadinho à moda Índio, Boca Mole e a cabeça dura: embora os pais lhe tivessem ensinado bons princípios ele não os ouviu. Resolveu ser político e foi aí que a coisa destrambelhou. Não foi difícil o destrambelhamento, pois, de Santo, Todo Feio não tinha nada. Usou de má fé e enveredou pela Babel da corrupção. Cresceu na carreira e ganhou rios de dinheiro com propinas: em pouco tempo tinha o próprio Helicóptero, mansões, fazendas, uma Ferrari de cada cor, plantações de Caju no Nordeste e uma exportadora de pizza de Caranguejo — raridade da culinária brasileira, sucesso total no mundo inteiro, inclusive em Angola, onde Todo Feio se infiltrara pelos braços da bandidagem política.
Além de ser todo feio, Todo Feio era também muito Chato. Nas rodinhas de amigos, sempre que chegava, todo mundo dava um jeito de ir saindo de fininho. E assim ele seguia entre discursos inflamados nos palanques, compras de votos e vitórias roubadas. Mas ele queria mais. Já não lhe bastavam vereanças e prefeituras. Até que um dia, Todo Feio estando em campanha nas eleições pelo governo do Estado, se encontrou com o Gripado, seu fiel inimigo em antigas disputas pelo poder.
A coisa ficou Feia! Todo Feio insultou o adversário chamando-o de ordinário, ladrão, safado, golpista e até... Político! Mas a palavra que decidiu a tragédia foi Decrépito. Decrépito? Não! decrépito não! Gripado era um vaidoso de marca maior e estava casado com uma garota 52 anos mais jovem. Não, ele não poderia perdoar tamanha ofensa. Reagiu na mesma hora, disparando dois tiros à queima-roupa em seu arqui-inimigo das urnas. Todo Feio nem teve tempo de gritar por Misericórdia...
*(Inspirado na recente listinha da Odebrecht. Ainda falta muita gente, por total falta de espaço rsrs...)