SOLETRANDO
Quando meus filhos eram pequenos, resgatei muitas brincadeiras e jogos que aprendi quando eu era criança. A gente brincava e jogava em casa enquanto preparava o nosso almoço, dentro do ônibus indo pra casa dos meus pais (A viagem levava uma hora, as vezes uma hora e meia. Morar em São Paulo não é fácil, andar de ônibus pior ainda.), quando íamos à feira ou no nosso passeio ao Parque da Àgua Branca. Não tinha hora certa pra gente brincar e se divertir.
Lu, Bia e Vinnie (Verão de 1991)
As vezes minha Mãe chegava de surpresa e encontrava os três netos e a filha dando risada e jogando no meio daquela bagunça toda na sala. Quantas vezes não ouvi calada aquele sermão da Dona Ana e depois respondia com jeitinho, "Mãe, depois arrumo tudo quando for hora da soneca. Fica muito mais prático e rápido". Ela olhava meia de cara feia, aceitava e se juntava à nossa baguncinha.
As crianças gostavam muito de brincar "O que tem na ..." . Um jogo onde a gente diz, "O que tem na FEIRA com a letra B?!" Aí cada um ia dizendo uma palavra com a letra B: Banana, Batata, Beterraba, Balde, Bexiga, Bala, Banca, Biscoito, etc. Um outro dia qualquer, "O que tem na PADARIA com a letra L?! ... na COZINHA com a letra F? ... no ZOOLÓGICO com a letra E?" A curiosidade em aprender palavras novas surgia por que queriam ganhar. Havia também a confusão entre os sons das letras "F" e "V", "S" e "C" ... mas os três superavam as dificuldades e conseguiam aprender direitinho.
Um dia, quando a Luiza tinha quatro para cinco anos, o telefone tocou e ela foi correndo para atender antes da minha Mãe.
"Alô!"
"Alô. A Patricia está?"
"Quem tá falando?"
"É a Sílvia. Sou aluna dela. Posso falar com ela?"
"Minha Mãe não está. Quer deixar recado?"
"Mas ... você sabe escrever?"
"Mais ou menos. Se você soletrar, eu consigo escrever".
"Então escreva aí que a Sílvia ligou".
"Síl...vi...a ... hummm .... Sílvia, seu nome começa com C de Cenoura ou S de Sapato?"
A Sílvia deu uma risadinha e respondeu, "Sílvia com "S" mesmo".
A Sílvia foi soletrando seu nome e ao terminar pediu para anotar o número para contato.
Ao chegar em casa às 21 horas, vi um papelzinho todo enfeitado com florzinhas coloridas e corações em tons de rosa e lilás em cima da mesa da cozinha. Peguei o papel e logo vi a letrinha da minha filha do meio, Luiza. Achei tudo muito fofo e criativo mas não entendi bem porque o nome Sílvia e aquele número estavam lá. A minha Mãe me contou a história toda orgulhosa na manhã seguinte no nosso café da manhã. Peguei o 'recado anotado' e dei risada.
Bia, Lú e Vinnie - 2016
Como vale a pena a gente brincar e jogar com nossos filhos, não é mesmo?
Quando meus filhos eram pequenos, resgatei muitas brincadeiras e jogos que aprendi quando eu era criança. A gente brincava e jogava em casa enquanto preparava o nosso almoço, dentro do ônibus indo pra casa dos meus pais (A viagem levava uma hora, as vezes uma hora e meia. Morar em São Paulo não é fácil, andar de ônibus pior ainda.), quando íamos à feira ou no nosso passeio ao Parque da Àgua Branca. Não tinha hora certa pra gente brincar e se divertir.
Lu, Bia e Vinnie (Verão de 1991)
As vezes minha Mãe chegava de surpresa e encontrava os três netos e a filha dando risada e jogando no meio daquela bagunça toda na sala. Quantas vezes não ouvi calada aquele sermão da Dona Ana e depois respondia com jeitinho, "Mãe, depois arrumo tudo quando for hora da soneca. Fica muito mais prático e rápido". Ela olhava meia de cara feia, aceitava e se juntava à nossa baguncinha.
As crianças gostavam muito de brincar "O que tem na ..." . Um jogo onde a gente diz, "O que tem na FEIRA com a letra B?!" Aí cada um ia dizendo uma palavra com a letra B: Banana, Batata, Beterraba, Balde, Bexiga, Bala, Banca, Biscoito, etc. Um outro dia qualquer, "O que tem na PADARIA com a letra L?! ... na COZINHA com a letra F? ... no ZOOLÓGICO com a letra E?" A curiosidade em aprender palavras novas surgia por que queriam ganhar. Havia também a confusão entre os sons das letras "F" e "V", "S" e "C" ... mas os três superavam as dificuldades e conseguiam aprender direitinho.
Um dia, quando a Luiza tinha quatro para cinco anos, o telefone tocou e ela foi correndo para atender antes da minha Mãe.
"Alô!"
"Alô. A Patricia está?"
"Quem tá falando?"
"É a Sílvia. Sou aluna dela. Posso falar com ela?"
"Minha Mãe não está. Quer deixar recado?"
"Mas ... você sabe escrever?"
"Mais ou menos. Se você soletrar, eu consigo escrever".
"Então escreva aí que a Sílvia ligou".
"Síl...vi...a ... hummm .... Sílvia, seu nome começa com C de Cenoura ou S de Sapato?"
A Sílvia deu uma risadinha e respondeu, "Sílvia com "S" mesmo".
A Sílvia foi soletrando seu nome e ao terminar pediu para anotar o número para contato.
Ao chegar em casa às 21 horas, vi um papelzinho todo enfeitado com florzinhas coloridas e corações em tons de rosa e lilás em cima da mesa da cozinha. Peguei o papel e logo vi a letrinha da minha filha do meio, Luiza. Achei tudo muito fofo e criativo mas não entendi bem porque o nome Sílvia e aquele número estavam lá. A minha Mãe me contou a história toda orgulhosa na manhã seguinte no nosso café da manhã. Peguei o 'recado anotado' e dei risada.
Bia, Lú e Vinnie - 2016
Como vale a pena a gente brincar e jogar com nossos filhos, não é mesmo?