R e v e l a ç ã o

Tive um amigo - ele já se foi - que era muito reservado e um cara muito corretos. Casou-se com uma mulher muito distinta e sempre viveram em harmonia. Mas ele, na juventude, vivera um grande amor que, infelizmente, gorou. A sua amada farrapos, desmanchou o namoro quase noivado e arribou, tinha sonhos de grandeza. Ele sofreu muito, mas pelo que pude constatar deu a volta por cima.

Só que certo dia, tomando umas e outras com ele, no seu escritório, depois de rememorarmos muita coisa da infãncia e adolescência, ele me fez uma revelação: ainda amava - nunca deixara de amar - o seu primeiro amor, aquela que o abandonara. E foi além, disse que certa feita, muitos anos depois, numa viagem que fez ao Recife encontrou-a numa boate, mais velha mas ainda linda,sofrida e exercendo a profissão mais antiga do mundo. Ele a reconheceu, mas ela não. Ficou constrangido e triste. Quis abordá-la mas não conseguiu. Depois resolveu ajudá-la e voltou à boate, mas ela desaparecera junto com um gigolô. Nunca conseguiu reencontrá-la, mas há pouco soube que morrerá na Bahia. No final da revelação ele me disse que a música de Adelino Moreira está errada: para ele sempre o verdadeiro amor fora sua primeira namorada. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 10/12/2016
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