Dois pra lá, dois pra cá.

 
A história se repete ou as pessoas não se evoluem mantendo-se presas ao seu comodismo, à sua alienação, à vontade de não querer pensar? Certo de  que a História é dialética e se constitui por processos e não por ciclos fica minha perplexidade.
 
A indagação se dá por  ver que no Brasil parece que tudo se perpetua. Quando pensamos que historicamente evoluímos - nem digo revolucionamos ou mudamos - tudo permanece o mesmo ou volta-se atrás.
 
Não digo como professor de história ou geografia que fui. Digo como cidadão que viu e vê o que aconteceu nos últimos anos. Pensávamos que tínhamos avançado e de repente se perpetuam  velhas estruturas. O mesmo medo. A mesma alienação. Os mesmos jargões. E tudo que é velho ressuscita: medo do comunismo, a histeria de velhos jargões, a neurose religiosa manipulada influenciando politicamente, as mesmas néscias ilusões...
 
Digo não só como cidadão ou como professor, mas como espectador de entretenimento. Aposentei e como agora vivo de meu ócio eu resolvi assistir aquilo que a maioria assistia quando eu estava em sala de aula. Fui à locadora ver quais as séries e seriados estavam disponíveis. É claro que logo minha atenção se dirigiu àquelas de cunho histórico.
 
Dentre tantas eu ressalto às relacionadas ao que o Brasil viveu de 2014 para cá. E assim foram as seguintes séries televisivas que pontuo: Agosto, Um Só Coração, Juscelino Kubitscheck, Anos Dourados e Anos Rebeldes. Todas produzidas pela Rede Globo. Ou as pessoas dormiam quando foram exibidas. Ou a ignorância popular era tamanha e não se deram conta do que lhes eram mostrado. Ou a alienação era tamanha para achar que aquilo nunca foi real no país e se iludiam pensando que era ficção. Se não se tocaram com o que viram na TV, que é o veículo mais popular e democrático, e deixaram a manipulação política ocorrer novamente perco as esperanças em querer que  tenham lido em revistas, jornais, livros o que aconteceu na História deste país.
 
Em “Agosto” para a deposição de Getúlio Vargas ali estavam os setores conservadores – Burguesia, Católicos, Militares contra Trabalhadores. Em “Juscelino Kubitscheck, Anos Dourados, Anos Rebeldes  e Um Só Coração” ali estavam os mesmos retrógrados em suas histerias.
 
 
As mesmas Forças que atuaram em 1954 e 1964 atuariam novamente em 2014, a saber, com o Empresariado e Forças Católicas e, agora, Evangélicos pedindo que houvesse intervenção militar. Esqueceram-se de todo processo democrático conquistado a duras penas conseguido ao longo destas duas décadas.
 
E o pior foi ver telespectadores acreditarem em discursos prontos das forças que os alienam e lhes tiram direitos trabalhistas. Certamente dormitavam quando aquela Rede de TV lhes esfregavam os processos históricos na cara com seus seriados e acharam que eram somente mais uma novela romanceada. Agora assistem bestializados por  mais uma vez  seus direitos lhes serem tirados.
 


Bater panelas, bateram! Soltar foguetório, soltaram!  Ficam boquiabertos dançando boleros no passo de dois pra lá, dois pra cá. De repente as Forças Conservadoras lhes imprimem um passo de tango conduzindo-os como a uma dama burlesca pelo salão levando-os para traz. Resta-lhes fazer só meneios, caras e bocas abertas na dança louca deste alienado país.


 
Leonardo Lisbôa,
Barbacena, 10/12/2016.
   
 
 

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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 10/12/2016
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