Choro
Quatro anos de idade. Estou sentada na minha cama, chorando escondido. Nunca consegui segurar esse maldito choro, por vezes, quanto mais pensava em esconde-lo, era aí que o nariz vermelho e os olhos lacrimejantes me entregavam. Choro então, apenas porque é o dia da minha festa de aniversário e ao estourar aquele balão cheio de doces, nenhum dos meus “amiguinhos” tiveram a consideração de abrir um espaço para que eu pudesse pegar uma mísera balinha. Nesse momento, meu pai me consola e diz para que eu não dê bola ao que aconteceu e retorne para aproveitar minha festa. Me abraça. Sinto o seu amor por mim. Eu não estou feliz, não gosto da roupa que minha mãe escolheu para mim, não gosto das pessoas que estão ali, não gosto de pessoas que não sejam minha família, mas tenho a consciência de que preciso ser exatamente o contrário do que eu sou. Contrário. Quatro anos de idade.