COMO SER LITERATO
O meu talento artístico eu devo apenas aos livros, ao meu esforço e a mais ninguém. Não foi em banco escolar que aprendi a fazer versos e nem com professor de carne e osso. Eu aprendi a fazer arte literária lendo muito e prestando atenção aos grandes escritores que até hoje são eles os meus melhores mestres. Escola nenhuma fará um ser humano bom poeta, ou bom romancista se o sujeito não tiver bossa para a coisa. Machado de Assis não foi buscar a sua intelectualidade em nenhum banco de escola, ele apenas leu bastante e descobriu consigo mesmo o seu estilo próprio, autêntico e inconfundível. Nenhum professor me disse ou me explicou como realmente se fazia um soneto bom ou mau. Foi lendo os clássicos da literatura que eu senti vontade de poetar e fazer meus textos sem pedir nenhuma explicação a outra pessoa, sobretudo a quem não sente nenhum valor estético. Com oito anos eu já sentia vontade de fazer poesia porque eu já tinha no sangue o dom artístico para fazer arte pura e produzir textos que encantavam o mundo através da palavra escrita. Escrever é um dom extraordinário, no entanto, precisa ter muita coragem para ler e aprender o que a arte exige. Eu trago no meu sangue materno o dom de poetar, de criar textos autênticos sem precisar de banco escolar e também de bajular nenhum professor, gente enfatuada com quem nunca me dei bem. Eu gosto de ler muito e buscar sabedoria nos bons autores, nos bons livros, porque eles foram sempre e serão os meus melhores mestres. Devo muito pouco a escola formal, pois sempre fui um autodidata e tenho me dado muito bem com o meu jeito de ser. A minha família materna é toda ela artista e por isto eu trago no íntimo o dom de literato, de poetar com magia sem precisar de mendigar sabedoria nas escolas que pouco entendem ou tentam castrar o artista para ele não se tornar um intelectual puro. O meu escopo literário é escrever o que sinto e penso sem a opinião de ninguém. O intelectual não pode se privar diante a paixão de outrem porque ele é responsável pelo que produz e não pela opinião alheia. Não teria sentido eu como intelectual ficar preso à ideia fajuta de qualquer idiota. O artista tem que ter ideia própria e escrever aquilo que merece ser transformado em arte pura. Eu não tenho medo da gramática de Machado de Assis, eu tenho medo é de não acertar com arte e com a verdade como deve ser dita. Os grandes literatos nunca passaram pelo crivo da formação porque na verdade o homem de letras procura sempre ser um bom autodidata em fazer o seu caminho só, para ninguém atrapalhar as suas ideias. Não gosto de receber conselhos vazios de quem nada sabe e pensa que sabe tudo. O meu esforço de cinquenta anos de leitura não pode ser dominado por ideias bobas de qualquer Zé ninguém. O meu objetivo literário cabe a mim e não a outrem.