Pequenas histórias 174

A caneta

A caneta, o estilete, o grampeador, o telefone mudo, transparece na quietude do meio-dia ensolarado depois de dias friorento.

O que esses objetos podem significar no dia-a-dia de sobrevivência gotejando pelos poros da preguiça a vontade de chutar tudo e mandar para aquele lugar aonde ninguém vai?

O papel se dobra por causa de sua maleabilidade amorfa sintética de ser apenas um papel a serviço de mãos sádicas. Mãos que poderá usá-lo sabem-se lá pra que. No momento se presta apenas para limpar os ósculos.

As pastas azuis claras e escuras esperam sua finalidade de uso se comportando dentro da integridade de cada uma.

O mouse se encaixe dentro da palma da mão numa atitude feminina acalentando a quentura da pele com sua frieza em servir passivamente.

A tesoura, instrumento perigoso, mortal em mãos desvirtuadas da moral, cujo beneficio é cortar os liames que prende um objeto ao outro ou, simplesmente dilacerar peitos sanguíneos de morte ferida.

O calendário, marcador do tempo que não espera os atrasados e, muito menos, os imóveis de sentidos que não sabem o que fazer, opera sarcasticamente nas vísceras das moléculas envelhecendo-as.

A única salvação é a música, como disse um doido dos neurônios: a música é ópio da humanidade, até pode ser, mas ópio que opera milagre, que reúne povos, pessoas diferentes, num só balançar de ossos de um lado para outro. Ópio que por três dias ou mais até, cantou o amor entre os homens de boa vontade e cheios de prazeres a luz do sol e ao sabor da lua.

E viva o amor.

Como disse Pelé em solo americano: Love, love, love...

pastorelli

Pastorelli
Enviado por Pastorelli em 09/12/2016
Código do texto: T5848222
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