BOAS FESTAS
BOAS FESTAS
Pega a vassoura, a sala está que é uma sujeira só, não é para menos, a festa foi ótima, para os convidados. Para vizinhos e não convidados, um transtorno, um incômodo. Começa a varrer pelos cantos, são copos e pratos em cacos, guardanapos extremamente sujos, restos de doces e salgados, bitucas com e sem batom, garrafas vazias. Nos demais cômodos, cuecas e calcinhas abandonadas ao lado de sêmens e dolares, vidas em gozo e desvario, sutiãs esquecidos sem peitos, camisas, camisões e camisinhas as pamparras. Nos banheiros, vômitos, merdas e mijos, papéis sem higiene, ralos entupidos. A vassoura não dá conta de tanta sujeira, é necessário usar uma lava-jato, mas é pena, a sujeira é muito grande, só há um jeito, varrer tudo para baixo do grande tapete, não sem antes contar com a ajuda, sempre benvinda do Serviço Tudo Fácil, caro, mas que usa de todos os recursos para manter o tapete preso ao chão, permitindo que a sujeira permaneça devidamente escondida. A propósito, o tapete é persa, contrabandeado. Termina de varrer a sujeira, o tapete parece intacto, a limpeza garantida. Fecha a porta e vai para casa pensando, até quando, e na aposentadoria que nunca vai chegar, mas sempre haverá festas sujando, garantindo o empreguinho.