Faz isso não
- Quê isso que você vai tomar?
- Remédio, por quê?
- Faz isso não!
- Ué, tô cheia de dor na coluna, o que você quer que faça?
- Ué, deixa ela aí, de boua, na dela!
- Desculpa, mas quem é você mesmo?
- Então... é, eu sou sua dor.
- O quê? Hahahahahaha! Era só o que me faltava, devo ter tomado algum remédio vencido. Sai daqui sai!
- Na verdade eu não posso, também não quero.
- Posso saber por que?
- Ah, é que eu gosto de você, você é tão legal, é bonita, engraçada. Já me apeguei. Além do mais a gente já tá junta a tanto tempo.
- Sério isso?
- Hum hum, a gente já virou uma coisa só.
Não existe tu sem eu e nem eu sem tu.
- Era só o que me faltava. Olha só, não tá dando certo.
- Por que? Eu te conheço como ninguém, cada ossinho do seu corpo, cada célula do seu organismo. Você não vai achar alguém que te conheça como eu.
- É que você é chata.
- O quê?
- Insuportável na verdade.
- Pra que essa brutalidade toda agora?
- A gente não convive. Eu só te suporto porque não tenho outra opção. Por que você acha que eu vivo tomando um monte de remédios?
- Ah, eu achei que você queria brincar, dar uma variada na relação, respirar novos ares. Nosso amor é antigo, não faz isso!
- Eu não te amo, na verdade eu quero acabar com você, sumir com você da minha vida.
- Ok, mas não vai adiantar nada você tomar isso, vou acabar voltando. É nosso destino ficar junto.
- Destino é uma pinóia, mas até que tem razão, tu é um porre, não larga do meu pé.
- Já te falei é o destino, além do mais, eu sou uma pessoa determinada.
- Chata você quer dizer né?
- Chame como quiser.
- Já sei! Vou usar artilharia pesada contigo.
- Quê que você vai fazer?
- Espere e verá.
Se ajoelha e começa a orar
- Ah, tá de sacanagi que tu vai fazer isso?
- Já estou fazendo.
- Pô, jogo sujo hein!
- Vaza daqui anda!
- Brincadeira, a gente leva anos pra construir uma relação sólida e a pessoa faz uma covardia dessas.
- Já foi?
- Insensível!