Salto mortal do trapezista Brasil

Sentiu medo, um friozinho na boca do estômago, as pernas bambearam, sentiu uma tontura, evitou olhar para baixo. A platéia estava ansiosa pelo salto mortal, fazia silencio, mas exigia ação. Tinha razão, estava num circo. Ele existe para que a massa não pense. Antes ele era apenas uma Arena onde os cristãos eram entregues aos leões para serem devorados. O povo ria e aplaudia. Para dominá-lo basta um pouquinho de pão, uma cachacinha e muito circo.

Chegou ao ponto final, o alto onde havia um elevado para o trapezista pular agarrado no trapézio. Sabia que o mecanismo estava falho, as roldanas enferrujadas, haviam feito uma gambiarra nele, saltar e dar o salto solto seria uma loucura, agravada pelo fato de não haver rede. Respirou fundo. Reviu a vida, uma vida fugaz. Era hora, não pensoi mais, seguiu sua sina e pulou no vazio. A platéia se agitou, mas não pediu bis. O trapezista já era. Dizem que o nome dele era Brasil.

Que Deus proteja o Gran Circo Brasil. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 07/12/2016
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