Entre paixões e ódios, é interessante avaliar que as duas personalidades nacionais, que se tornaram ícones de fama universal, surgiram em tempos relevantes da nossa história. Guardam dois pontos curiosos em comum, vieram das classes mais baixas da pirâmide social e foram autodidatas na vida. Machado de Assis e Lula, o primeiro é amado por representar a intelectualidade, o orgulho tosco da elite em demonstrar que foi capaz de abraçar um gênio mulato e abrigá-lo com honras em seu seio; o segundo é odiado por lembrar o perigo de trazer, novamente, dos confins da miséria, outros como ele, impondo às nossas castas dominantes o compartilhamento de uma riqueza que não querem dividir.
Machado testemunhou o primeiro golpe militar, a queda da monarquia e o fim do seu próprio tempo. Lula viveu a última ascensão dos militares, o retorno da democracia, agora é perseguido por uma intentona judicial, mas sua história não termina em si mesma, é a luta que obriga ao recomeço.