Entre os meus Desatinos (Aos Guerreiros da Chape)
“Ontem demorei dormir com o peito
não se agüentando de felicidade,
o sonho do titulo estava se realizando,
hoje acordei com uma das maiores
tristezas que um ser humano
pode sentir, está tudo acabado!”
De tantas falas comoventes neste trajeto impiedoso dos momentos finais do time da Chapecoense, separei esta de um torcedor simples de voz meiga e sincera. Fiquei guardando entre meus rabiscos e criando forças para escrever alguma coisa, mas a exemplo de milhões de irmãos da “Chape” pelo mundo, eu também não conseguia me livrar do nó que se arrochava na garganta. Hoje depois de entender que os corpos tomaram suas direções e as almas seguiram em busca das suas luzes, quero desabafar o que vinha sendo urdido na minha intranqüila cachola, vou “chover no molhado” ser pleonasmático se for o caso, mas agradecer a todos eles que fizeram com que o povo, por uma efemeridade de tempo se libertasse da magoa de ser governado por esta quadrilha de corruptos engravatados. Meus pensamentos foram submetidos ao estranho mundo das elucubrações, às vezes corria de mim mesmo para não ouvir nada lá de dentro, me acometera o absurdo de pensar Sobre o principio de toda a tragédia e, tentar admitir que não fora a mulher Boliviana que poderia ter impedido o avião de sair sem combustível, tampouco o piloto homicida, com sua ganância de lucrar mais. A tristeza tem raízes na felicidade... Na bola em que Danilo majestosamente defendera classificando seu time para jogar a final, parece desatino, mas é a vida é um desatino, um rolo embuchado de cordas que tropeçamos e batemos com a cabeça ao tentar desenrolar. Se a torcida volta para casa de cabeça baixa e o sonho dobrado no bolso, não haveria a viagem, assim ninguém morreria, quem sabe? E no meio do caos surgem os charlatães, os aproveitadores em busca de holofotes e de gente interessada em cair na lábia para entregar-lhes o cartão de credito. Um desses teria sonhado com um avião caindo, outro ouvira gritos e blá-blá-blás, canalhas de sempre. Voltando aos meus desvarios que na verdade não são bem meus e sim de alguém que dissera não me lembro aonde, a vida seria mais fácil se fosse tudo previsível? Por conta dos riscos não nos exporíamos e de papo para o ar viveríamos a monitorar nossos próprios passos. Dias e noites na mais pura inaptidão com mascaras nos rostos para não contrair o vírus da gripe comendo folhas para evitar o colesterol, até chegar o dia em que pararíamos de comer folhas por medo do câncer provocado pelo agrotóxico, isso não teria graça. “Desculpe meu amigo, mas não da pra segurar!” faço coro com Nazi, pois estou “enchendo lingüiça” por receio de deixar fluir as palavras e desabar novamente o dilúvio dos meus olhos. Assim vou desdizer a minha teoria derrotista e dizer parabéns Guerreiros, obrigado por toda a alegria ainda que efêmera, mas sincera. Obrigado irmãos Colombianos, para sempre juntos.