Entre Morrer & Morrer
- Sobre os efeitos da Teologia
Quando eu tinha 20 anos ingressei na Faculdade Teológica Batista de São Paulo para me graduar no curso de Bacharelado em Teologia porque eu achava que esta era a "boa, agradável e perfeita vontade de D'us"!
Lembro da minha ansiedade e euforia nas ocasiões daquelas feiras de livros, quando as editoras montavam seus estandes para vender livros com bons descontos! Eu deixava de fazer compras de produtos alimentícios para comprar livros. Depois, para não ficar sem comer, eu acordava cedo para descascar batatas e preparar saladas no restaurante da faculdade, porque isso me garantia o almoço. Fui dormir muitas vezes sem jantar na época da faculdade.Eu preferia ler do que comer! Impressionante como Eu era besta!
Eu me lembro que neste mesmo período eu comecei a a vender trabalhos acadêmicos para os alunos da PUC. Eu lia muito e escrevia abundantente para ser uma teóloga de verdade.
Uma das situações mais difíceis nesta época, era o fato de nao ter nenhum apoio familiar ou pastoral. Não tive pais positivamente presentes e nunca fui cuidada por pastores carinhosos na época desta minha graduação.
Se eu soubesse o preço do pensamento e da reflexão, jamais teria lido um único livro! Nem a religião e nem o conhecimento teológico não fizeram nada por mim! Ter estudado muito me fez complexa demais pra ser feliz! Como eu queria ser simples outra vez e acreditar nas coisas estúpidas que hoje repudio!
Hoje eu estava refletindo sobre o quanto eu ja fui assassinada pelos efeitos da Teologia e da minha vocação pastoral! Lembrei do paradoxo entre Judas e Jesus. Ambos foram mortos pela religião, de duas maneiras diferentes: Judas frustrou-se com a religião e morreu por causa dessa frustração que sentiu; Jesus frustrou os religiosos e morreu por causa dessa frustração que causou.
Este paradoxo entre essas mortes me fez refletir sobre meu futuro e eu descobri que ou já morri, ou estou morrendo em alta velocidade, porque eu sou como Judas e também porque eu sou como Jesus. Vou morrer por causa da frustração que sinto em relação à religião e também vou morrer por causa da frustração que causei aos religiosos. Eu não consigo conceder relevância ao senso comum!
Sobre ser teóloga e pastora, eu devia ser engenheira, advogada, médica, nutricionista, etc. Sinceramente, se eu fosse hambúrguer do McDonald's, eu teria mais valor. A ingratidão faz a gente sentir vontade de morrer mais rápido, seja pela frustração que sentimos, seja pela frustração que causamos!
Entre ser Judas ou ser Jesus, eu só não quero mais ser Patrícia, porque minha identidade tem me matado lentamente todos os dias.