NOVAS MANIFESTAÇÕES.
Surgem novas manifestações. Resido no que chamo um bairro do Rio, onde nasci, do outro lado da ponte que liga o Rio a Niterói, meu berço. Foi bucólica e paraíso, hoje praticamente cosmopolita, um adensamento forte, vendido o bucolismo pelos empresários da construção imobiliária -incorporadores - que quebraram gabaritos menores junto ao município, e verticalizaram as antigas e belas casas. Ainda resisto ao assédio e moro em casa, uma ilha cercada de prédios por todos os lados.
Hoje, dia de manifestações acertadas pelas redes, em todo o Brasil, fui ver na Praia de Icaraí, dez minutos de onde moro andando, o que ocorreria. Gritavam contra o quê? Contra a corrupção em primeiro, a favor do Juiz Moro, contra a legislação sobre abuso de poder patrocinada por Renan, também um Fora Renan, e um pleito uivado pela prisão de Lula, e um Fora Pezão.
Muitos gritavam para os que estavam em varandas e janelas um “vem para a rua”, e um deles, vi dizer olhando para uma das janelas, “está rindo de quê seu babaca?”. Ora a pessoa sorria somente, e o idiota agredia. Me acerquei dele, sai da calçada de onde apreciava e fui até o asfalto,na rua, e quando repetiu a conduta cheguei perto e disse a ele, “cada um faz o que quer”. Me olhou e só, ainda bem, para não ouvir o que eu podia dizer. Que ele sim é um idiota, um babaca que não respeita os outros, que está ali e nem sabe a razão, pois dizia além de xingar: “está satisfeito”(?).
Não se trata só disso, há uma indignação consciente com a incorreção. Talvez seu bolso esteja furado e se sacudir de cabeça para baixo não cai um tostão como se dizia antigamente. Daí a desrespeitar os outros é um espaço idiotizado ou não.
Muitos que se manifestam – e devem – publicamente, necessário sendo, não têm a real dimensão do que se passa no Brasil, não há consciência profunda do estado real da nação, dos caminhos cursados para se chegar a tanto, e o que nos espera pela total INCREDIBILIDADE que vive o cerne da questão, confiança de agentes externos e internos para investir.
Tudo se resume em um único fator, falta de instrução, formação, estudo e CONDIÇÕES de entender até o que a mídia noticia e mal.
É preciso se manifestar de alguma forma contra tudo que vergonhosa e cinicamente fazem os políticos contra o Brasil, reiteradamente, como a despropositada vontade de Renan de votar em regime de urgência matéria que requer discussões e os protocolos da iniciativa legislativa, com sessões necessárias e passagem pelas comissões, mas é impositivo que respeitemos as posições de cada um na forma de reagir.
Sem isso ficamos igual à incorreção, sem respeito a nada.
E é preciso atenção, POIS:
Quando em questões particulares o mais alto staff da república se coloca a serviço de confrontar a lei para desrespeitá-la;
Quando se minimiza a importância de ato de extrema seriedade de ministro que diz ter formação que não perfila com indevidas posturas e resiste;
Quando por essa motivação se pressiona a seriedade de quem está a serviço da lei e a respeita a qualquer preço, culminando por entregar o cargo que exerce;
Quando as explicações sobre o fato se tornam inexplicáveis ao máximo, e reforçam a posição de quem se demitiu, ganhando status de altíssimo desgaste altas funções exercidas;
Quando se vota no Congresso, na madrugada, sem discussões necessárias e devidas, a intimidação e o esvaziamento do munus público do Judiciário e do Ministério Público, norte dos conflitos e fiscal da lei essas instituições, para prestigiar a contrariedade à lei;
Quando se tenta votar no Senado, em regime de urgência, iniciativa legislativa desse jaez, sob protesto intenso dos mais responsáveis, e se vota - felizmente derrotada a urgência - e se diz à imprensa, para tentar justificar, que tinha de ser votada a matéria por haver requerimento, e se está no cargo justamente para deferir ou indeferir requerimentos, principalmente este que necessitava passar por algumas sessões e ao menos na Comissão de Constituição e Justiça, e por isso ser indeferido o requerimento;
Quando a denúncia incide em nomes da república que presidem destinos da nação;
Quando tribunais máximos se digladiam por seus pares diante da opinião pública e juízes se tornam advogados de réus de maneira viva e clara;
Quando com tranquilidade são desrespeitadas ordens judiciais nas planícies da nação, paira no ar uma incógnita dos rumos seguidos e do que poderá surgir.