O MAL QUE AS PESSOAS FAZEM

Às vezes me impressiona o quanto existe de maldade nas pessoas. Parece que uma boa parcela do ser humano tem o hábito de querer fazer o mal aos seus semelhantes. Algumas delas chegam a misturar o lado profissional com o lado pessoal, o que caracteriza maldade dupla. Essa semana eu me encontrei com um conhecido, um grande profissional da educação. E ele desabafou comigo sobre o que estava se passando em sua vida pessoal, devido à falta de respeito e profissionalismo por parte de algumas pessoas que labutavam com ele. Ouvi-o atentamente.

Disse-me ele: “- Sabe, professor, a gente leva anos para solidificar uma carreira, se sacrifica por ela, galga espaço, deixa de ter lazer para cumprir tarefas e aí vem pessoas que não sabem medirem as conseqüências de um ato e põem tudo a perder”.

Sem entender, ainda, onde ele queria chegar ou, pelo menos, entender o que ele estava querendo me transmitir, pedi que ele fosse mais claro, se é que ele poderia sê-lo, pois percebi que nomes e lugares não seriam revelados de forma alguma. Dei o devido tempo para ele coordenar suas idéias, respirar mais profundamente para se acalmar e procurei me fixar no que estava para ouvir.

“- Veja o nobre colega: eu estava trabalhando com alguns projetos e, particularmente, estava me realizando profissionalmente, pois era dentro da área que gostava e que tinha facilidade em conduzir os aspectos metodológicos e concretizar objetivos, quando percebi que algumas pessoas que trabalhavam comigo começaram a misturar as coisas. De repente passaram a introduzir no meio profissional, brincadeiras, todas elas com referência a minha vida particular, especialmente, a matrimonial, levantando suspeitas sobre a minha fidelidade, sabedores que são que a minha esposa é uma pessoa possessiva, de um ciúme doentio e que vê em tudo, uma oportunidade de expor suas neuras e assim tornar a vida familiar, um tormento”, narrou.

E continuou: “- Por mais que eu explicasse a eles que a satisfação que eu podia dar sobre a minha vida era somente aquela baseada no profissionalismo dos projetos e que os horários entre a casa e o trabalho não lhes dizia respeito, eles continuavam com brincadeiras e ligavam para a minha residência mesmo já tendo ligado para mim e mesmo sabendo que horas eu iria chegar para trabalhar. Ou seja: ligavam para mim, perguntavam onde eu estava e depois ligavam para a minha residência e procuravam saber de mim, onde estava, exigindo a minha presença com extrema urgência, isso sendo feito por mais de uma vez – por situação – e por mais de uma pessoa. Resultado: um clima horrível no lar, com desconfianças e algumas discussões, e o que é pior, a deterioração do relacionamento já um pouco abalado por sucessivas crises de baixa auto-estima”.

E completou: “- Tomei uma atitude drástica depois da última brincadeira: dei um basta nos projetos; chutei o balde da indiscrição; mandei as pessoas que não têm nada para fazer, cuidar da sua própria vida e, simplesmente, dei meia volta, um tchau e me afastei desse joio, procurando arrancar de perto de mim, as ervas – daninhas que teimavam em invadir o meu quintal de pétalas e orquídeas”.

Quando finalizou, ele olhou-me e perguntou-me se eu tinha entendido; se eu tinha algum conselho para dar-lhe.

Uma situação extremamente difícil, pensei. Se por um lado aconselhar seria o ombro amigo que ele procurava depois do desabafo, por outro lado, o fato de estar aconselhando caracterizava uma intromissão, também, em sua vida, que poderia levá-lo a tomar várias decisões ainda mais drásticas. Apenas disse:

“- A vida é feita de percalços e situações que necessitam de extrema cautela no agir. Porém, a identidade de uma pessoa, sua individualidade, é sagrada. Ninguém, seja ela no âmbito profissional, seja no particular, pode e tem o direito de interferir na sua vida íntima. É um direito seu, registrado no código onde os homens obedecem às leis: a Constituição. Portanto, se você não está satisfeito, se acha que sua privacidade está sendo devassada e isso está tornando sua vida familiar um tormento, não lhe trazendo o prazer e a satisfação naquilo que está fazendo, corte essas ligações e procure um cotidiano profissional mais ameno, que não lhe traga tantos dissabores. Projetos continuarão a existirem, pessoas de más índoles, também. Evite-as e busques no seu convívio reencontrar o prazer de produzir!”

 
15/07/07




Obs. Imagem da internet
Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 29/07/2007
Reeditado em 04/12/2011
Código do texto: T584290
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.