Meu mundo tá caindo
Sou um homem fiel aos meus hábitos, aos meus costumes, aos meus amigos e amigas e, pasmem, aos meus objetos. Sobre esses últimos alguns até riem do meu apego á antiga tevê National caixa de madeira. Esposa, filhas, netos, irmãos e amigos já quiseram jogá-la no lixo e me presentear com uma da moda, fininha, digital, telona. Não aceitei, mas eles me advertiram que para o ano acaba o sinal analógico e, ai, vou ter que substituir a querida National que já foi pro conserto uma meia dúzia de vezes. Rádio só ouço nim velho Morádio e só na faixa AM, dizem que o ano que vem vão acsbar com o sistema AM. No velho som Toshiba só ouço fitas cassete, a maioria balzaqeanas, com mais de 30 anos. Quebrou de novo e p técnico disse que vai demorar a chegar a peça que mandou buscar numa sucata de São Paulo. Celular só uso em caráter extraordinário um velho LG, deve ter uns doze anos. A cadeira de palhinha rangedeira já trocou a palhinha umas dez vezes. E a velha máquina de escrever Olivetti, sempre no conserto e tem outro problema: estão desaparecendo fitas para ad máquinas. Não vou falar das roupas e nem chinelos, são todos antigos, bermudas, camisas de malha, cuecas samba-canção... Sem falar nas comidas as mesmas, aquelas que dizem que fazem mal.
Mas, teconheço, que meu mundo está caindo, mas enquanto der, juro, eu resisto. Sou um dinossauro, um caso perdido. Mas sou feliz. Inté.