Um texto arretado, nota dez

Vou transcrever um texto de Luiz Ruffato, publicado no "El País", em 01.12.2016. Um texto arretado, nota dez. É o seguinte:

TEMER É INDIGNO DO CARGO QUE OCUPA

"O presidente não eleito, Michel Temer, bateu uma marca incrível: perdeu seis ministros em seis meses, todos envolvidos em denúncias de corrupção. O mais recente, Geddel Vieira Lima, homem forte do governo, foi denunciado por um colega, Marcelo Calero, por pressões para aprovar uma obra na área tombada pelo patrimônio histórico, e na qual, por acaso, possuia um apartamento avaliado em 2,5 milhões. Antes da demissão, Temer, por meio do seu porta-voz, Alexandre Parola, havia declarado apoio a Geddel, mesmo ele tendo admitido a conversa com Calero. "Trata-se de um episódio menor", disse numa demonstração óbvia de conivência com um crime - nesse caso, crime de concussão, quando uma pessoa exige para si vantagem em função do cargo que ocupa. Hoje sabe-se que o motivo pelo qual Michel Temer foi tão enfático em defender Geddel: ele mesmo teria pressionado Calero para mudar o parecer do Iphan, assim como outro de seus ministros, Eliseu Padilha. Calero afirmou que possui gravações que comprovariam suas denúncias. Ou seja, segundo o ex-ministro, Temer e Padilha também cometeram crime de concussão. Por muito menos o vice-presidente, secundado pelo Congresso e pelo Judiciário, tramou o golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff, contra quem, até hoje, não se comprovou qualquer irregularidade.

"Como intercedeu por Geddel, agora Temer protege Padilha, alvo de vários inquéritos na Justiça por envolvimento em inúmeras irregularidades, inclusive na Lava Jato. A frase de Temer em defesa de Padilha é, aliás, reveladora: "O que ele fez foi o que eu de alguma maneira disse", referindo-se à conversa que teve com Calero. Outros quatro ministros de Temer, além de Padilha, aparecem citados na Lava Jato: jungman (defesa), mendonça Filho (educacão), Bruno Araújo (cidades), Ricardo Barros (saúde), além de José Serra, candidatíssimo à presidência, acusado de receber, via caixa dois, 23 milhões da empreiteira Odebrecht para financiar sua campanha em 2010. O próprio Michel Temer é considerado, pela Lei da Focha Limpa, inelegível em 2018.

O curioso é que, ainda assim, ao invés de mobilizações "patrióticas" contra a corrupção, liderada por aqueles que se orgulham de se autoproclamar de direita, vestindo camisa amarela e discursos hipocritamente moralistas, são declarações como a de FHC, chefe dos tucanos reiterando seu apoio e o de seu partido ao governo ilegítimo, usando como argumento um impensável cinismo, vindo de quem posou de estadista: "Isso é o que temos". Não muito distante do "argumento" de Renan Calheiros, contra quem correm 12 inquéritos no STF, advogando em favor de Temer: "As alegações do ex-ministro não afrtam o predidente".

"Tivesse o mínimo de brio, o mínimo de dignidade, Michel temer pederia demissão do cargo para o qual não foi eleito e vem demonstrando dia a fis incapacidade moral para exerce-lo. Mas ele não tem brio, não tem dignidade".

Falou e disse. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 02/12/2016
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