SÍNDROME DO NINHO VAZIO

Mais um dia, mais lembranças. Eu e você minha companheira, amante e amada de tantas jornadas juntos passadas. Nosso canto, nosso encanto. Amamo-nos, concebemos lindos petizes.

Um dia casa repleta, cheia de alegria. Agora nós, sós sem as crianças.

Criaram asas e como pássaros ganharam os ares, Ícaros implacáveis conquistaram o mundo, nos resta a nostalgia.

Ontem preocupação, batalha para educar, um mundo de esperança, agora alienação. Gargalhadas ainda ecoam pela casa, peraltices soltas pelo ar agora povoam outras dimensões, eternizadas em nossos corações.

Sinto falta, sinto a distância, certo ar modorrento. Um aperto apertado, um vazio vago e redundante.

Bem sei cada um segue o seu destino, mas para quem fica é só desatino e saudade constante. Esse egoísmo paterno está enraizado é instinto do homem animal.

O que sobra é o que nos resta. Não tem clima para festa. Filhos são para o mundo tal qual o mundo um dia nos abraçou. Então provamos do mesmo sabor que os nossos pais sentiram quando um dia ganhamos o mundo.

Agora as fotos antigas emolduradas retratam fatos e os fatos emolduram velhas fotos nos levando a recordar as lembranças que são frestas na parede do tempo que nos faz rever e reviver, um bálsamo, um efeito placebo que cura nostalgia.

O tempo nos envelheceu, mas não me entrego, pois o amanhecer é tal qual a leveza da inocência do sorriso de uma criança, chega de mansinho transbordando invade o ambiente vesperal.

Então a tarde chega e com ela uma sonolência que nos embriaga pela ausência, surge como fantasma envolto no negro véu do anoitecer e feito um eclipse invade o outro lado do espaço.

Quando a noite se faz é só saudade, a penumbra nos envolve com o clima de uma solidão suave, e sem alarde fecho os olhos, inerte logo adormeço nos braços de Morfeu tal qual uma criança na esperança de sonhar um sonho de um tempo que se evadiu levando momentos felizes, deixando uma lacuna que só aumenta a cada dia.