Careca

Em algumas das minhas maltraçadas costumo me referir à minha avó paterna, e nunca à materna. Um leitor de Arcoverde que acessa o RL me telefonou perguntando o motivo, disse a ele que não conheci essa última, quando ela morreu minha mãe aonda era uma menina.

Daí eu me referir somente a minha avó paterna que era uma velhinha muito divertida, enérgica, meio braba, mas doce como mel. Ela gostava de nos contar histórias para nos meter medo. Contava e recontavs e aí a gente ficava uma sedinha de comportados.

Uma dessas histórias era a da morte. Ela contava que um dia a morte foi buscar um sujeito muito ruim que era cabeludo e só vestia fraque e roupas de rico. Não se sabe como o sujeito soube que a morte viria buscá-lo, então bolou um plano para enganá-la, mandou pelar o cabelo e raspar a barba, ficou careca e tirou a roupa fina e se vestiu de trapos. Quando a morte chegoubcom aquela cara de caveira e carregando uma foice, procurou e não encontou o cabra, como tinha que prestar contas aos superiores, olhou em volta e disse: como não achei o encomendado vou levar aquele careca vestido de trapos. E levou. Ouvindo essa história sem dúvida batida e antiga a gente ficava com um medo danado.

Um medo a assalador. Vou dar um exemplo: um primo meu pegou piolho na escola. Quando soube minha vó determinou que o levassem para raspar avcabeça no barbeiro porque ficando careca desaparecia os piolhos. Quando ouviu isso o coitado lembrou-se do careca e ckmeçou a chorar e pedir pelo amor de Deus para não rasparem a cabeça dele porque a morte poderia vir buscá-lo. A velha riu muito, o primo chegou a se mijar de medo. Acabaram os piolhos com pente fino ebum preparado feito na farmácia. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 30/11/2016
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