"TITIO"

-Vamos ao shopping Praia da Costa, Ula?

-Hoje, eu não posso, madrinha. Vou levar a minha sogra e a mãe dela ao oftalmologista.

No consultório...

-Boa tarde! Como vai, minha bela jovem?

-Eu estou bem, graças a Deus. Trouxe a dona Bininha e a dona Aleida para consultarem os olhos.

-E você vai consultar comigo, também, não é mesmo, beleza?

-Não, senhor.

-Mas por quê?!

-Porque não estou precisando.

-Então, vamos começar pela dona Bininha. Sente-se aqui, nesta cadeira.

A senhora está enxergando aquelas letras, lá na frente?

-Quem me dera, doutor!

-Moça, você está?

-Eu não estou fazendo consulta.

-Bem... O caso da senhora é catarata. Vamos ver, agora, a sua mãezinha, minha flor.

-Ela não é minha filha, doutor; é minha nora. É esposa do meu filho. Eles vivem muito bem.

-Dona Aleida, esta lente está boa para a senhora?

-Mais ou menos.

-Menina bonita, o que você acha desta outra lente?

-Não acho nada, doutor.

-Sua mãe tem pterígio, sabia?

-Ela não é minha mãe; é mãe do meu marido.

-Você sabe o que é pterígio?

-Sei, sim senhor. É uma carne que nasce no olho da gente.

-Muito bem!!! Parabéns!!! Nota mil!!! Além de linda, é muito inteligente! Você trabalha fora?

-Não.

-Seu marido trabalha aonde?

-Em Anchieta

-Será que lá tem praia, hem?

-Ah... Deve ter.

-Doutor, a minha consulta já acabou?

-Já! Já! Sente-se aqui, conosco, minha senhora.

Marque outra consulta para pegar as requisições das cirurgias, que elas terão que fazer, viu?

-Por que o senhor não faz as requisições, agora, doutor?

-Porque não sei qual a disponibilidade de vocês. Volte aqui outro dia, sim? Não precisa trazê-las consigo. É muito trabalho para você. Deixe-as em casa descansando, coitadinhas, e venha só. Estou te esperando.