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Percebi que estou viciado em escrever na madrugada, tentar desacelerar o pensamento escrevendo, e reduzir os impactos da insônia produziram o efeito inverso, estou viciado a escrever na madrugada, mas penso que não seria um problema se houvesse muitas pautas, porque há dias que falta assunto para escrever, quer dizer há muitos, maioria ou talvez todos, e eu não sei o que isso quer dizer, são cada vez mais presente esses vácuos poéticos.

Eu tenho certeza que de infernais loucuras padece o homem que estando alegre se entristece, apenas para poder escrever, mas essa certeza não foi suficiente para me demover o pensamento e ânsia de escrever, e então eu entristeci, e agora estou a escrever, tentando manter o vício que adquiri, quando buscava a essa insônia sobreviver.

Mas, cada parágrafo é por demais forçado, é que não sou um poeta triste, apesar de sobre muitas tristezas escrever, além do mais nunca serão só palavras, pois estas insistem em alguma coisa sempre dizer.

Quando não se dorme, escrever passar a ser um vício triste, pois na madrugada apenas o silencio existe e é gritante, você sempre será sozinho com você, e isso deveras me assusta, eu não queria me olhar, posto que não sei mais se posso me reconhecer, já não sou mais o mesmo depois de tantas noites em claro e sozinho na madrugada.

Já me vou, é melhor encerrar aqui essa crônica forçada, alimentar diariamente tal vicio não é garantia de viver, creio que minimamente se pode existir, ou talvez nem isso, porque não a como sentir prazer nas coisas que não acontecem por acontecer.

Uil

Elisérgio Nunes
Enviado por Elisérgio Nunes em 28/11/2016
Reeditado em 28/11/2016
Código do texto: T5836961
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