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Eis que me fizeram um pedido, eu o tenho entendido como questionamento, fale ou por que eu não falo como pessoa normal? Está, é a elucubração que me faz absorto essa noite, como se não bastasse todas as dores e horrores de tantas noites em claro, as quais mergulham meus olhos em negras olheiras, agora tenho que seguir um certo padrão de normalidade, mas me digam como? Se para mim, a sanidade é a pior forma de loucura.

Sei perfeitamente que o modo como falo e escrevo, fazem de mim uma figura exotérica, patética, há quem chame de árcade, e há quem chame de drama minha sensibilidade, e imaturidade, infantilidade a minha falta de culpa, e ou minha involuntariedade.

É sempre assim, até parece que nasci para incomodar, é como disseram-me uma vez, que calado eu sou um poeta, e eu percebi que nunca serei, pois não pretendo me calar, eu não posso mais, eu até queria que voltassem a mim, todas às minhas palavras, ou talvez que eu não as tivesse falado ou escrito, e assim eu não seria poeta desse mundo demente, porque deveras sou muito inconstante, mundo insano em que ninguém ler, e ainda se sentem capazes de tachar de árcade um fiel amante.

Fico pensando o caos em que eu agora estaria imerso, se deixasse morrer em mim todas às coisas que sinto, pois, mesmo dando vazão eu ainda me sinto sufocado, não vale a pena tudo isso, para apenas ser chamado de normal, e não ser de louco tachado. Não aceito definição de coitado, e mesmo de quaisquer olhos pena, pois só quem deveras tem à alma pequena me achas sentimentalmente frustrado.

Ao terminar esse parágrafo, irrompe em mim um sorriso de lado, e percebo que tudo em mim está sincronizado, a esfinge denotando a mais perfeita segurança, um eu forte, o leão estufado, claro um pouco cansado, às noites em claro consomem bastante energia, o que não me tira à alegria de ser nessa vida sempre do lado contrário, e de não fazer parte dos ditos normais, posto que é sempre tola a maioria, só para constar o corpo fala.

Superadas às elucubrações e questionamentos, peço licença, vou tentar descansar, confesso que não tenho a intenção de polemizar, mas apenas de demostrar que tais padrões não me preocupam e que fico feliz por não os contemplar, é como diz o poeta: que sejamos loucos, que sejamos poucos e um dia seremos muitos.

Uil

Elisérgio Nunes
Enviado por Elisérgio Nunes em 27/11/2016
Código do texto: T5836069
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