TIREI UM PESO DO CABIDE

Tudo que aprendi em bancos escolares e “de ouvido” nas ruas da vida, precisa agora ser revisto, repensado.

Percebo que muito daquilo que eu não compreendia ficou pendente, para futuras reflexões, como que dependurado num “cabide” imaginário, do qual venho tirando, paulatinamente, as pendências.

Deverei solucionar todas. É o que espero.

O cabide ficou num canto da minha mente, à espera de que o tempo passasse e confirmasse, ou não, o turbilhão de informações que fui recebendo e que, não raro, fizeram sucumbir minhas ideias. Retirei dele, hoje, algo que me incomodava. E o fiz para melhor análise e compreensão do fato.

Quis saber se houve algum motivo justo para as Grandes Guerras Mundiais, causa, até então para mim indecifrável.

Pretendi compreender as Grandes Guerras Mundiais, eventos que escrevo assim, com letras iniciais maiúsculas, em virtude da grandiosidade que o episódio pode causar ao mundo, e pelo susto e pelo medo que me mete a palavra Guerra.

Busquei informações, então, sobre a primeira guerra de proporção mundial, pois caso entendesse motivos e origem dela, ser-me-iam (talvez) menos traumáticos os resultados da tragédia e mais fácil a aceitação das barbáries cometidas nessas lutas.

Em algum lugar li que, às vezes, é necessária uma grande guerra, para que o mundo melhore. Desde menina, nunca entendi o fato de ser preciso dizimar vidas com ataques devastadores, para melhorar o que quer que seja.

Lendo sobre as Grandes Guerras, vejo que assustaram e fascinaram, ao mesmo tempo. Estarrecedora conclusão. As batalhas da Primeira Grande Guerra tiveram consequências tristes e prolongadas (quatro anos de conflito), mas promoveram saltos importantes na tecnologia militar, na descoberta de antibióticos durante outros enfrentamentos e propiciaram mão de obra feminina nas fábricas de armamentos.

O estopim para início da trágica Primeira Grande Guerra foi o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-húngaro, que incendiou a rivalidade entre Estados Balcânicos, pois um mês após o assassinato, Viena declarou guerra à Sérvia, responsabilizando-a pelo atentado. Foi essa a faísca que incitou os principais países da Europa a pegarem em armas, envolvendo, posteriormente, povos de outras terras.

Tão mesquinhas são as origens de tais duelos!

Batalhas, trincheiras, lutas nas fronteiras, ofensivas, ataques, granadas e valas cobertas de corpos sem vida.

Como assimilar essa cultura do terror, esse paradoxo do bom senso? Conforme palavras de Eduardo Galeano, seria o espelho que a história usa para debochar de nós?

Claramente, as informações obtidas e entendidas mostram que, desde a primeira luta entre povos até as atuais, não há “nada de novo no front”. Todas as guerras são medíocres. Delas muitos homens escaparam às granadas, hoje escapam aos modernos mísseis e a armamentos bélicos, mas são intimamente destruídos. Nada de heroico há nos confrontos. O que há é crueldade. É estupidez.

Tirei do “cabide” essa pendência, ao perceber que não a compreendi na infância, porque ela realmente é incompreensível. Nada mais dela resta dependurado, pois não há o que a justifique. Meu cabide está menos pesado.

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 25/11/2016
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