CRÔNICA – Quem com porcos se mistura, farelo come – 25.11.2016
CRÔNICA – Quem com porcos se mistura, farelo come – 25.11.2016
Dizer que o presidente Michel Temer (PMDB-SP) está no cargo sem qualquer amparo constitucional, inclusive porque oriundo de um golpe dado na doutora Dilma Rousseff (PT-RS), não corresponde à verdade de forma alguma. Como vice na chapa da presidente deposta seria seu substituto natural, cumprindo-se assim a lei em vigor, nada de anormalidades.
Quando da formação de seu ministério, como se sabe, resolveu extinguir justamente o da cultura, fato que gerou protestos de ilustres compositores e artistas brasileiros, à frente aqueles tradicionais, como o Chico Buarque, o Gilberto Gil e outros de nomeada, que têm muito prestígio nas lides sociais e no meio artístico. Disso resultou no arrependimento do presidente, que decidiu recriar o citado ministério da Cultura, tentando colocar uma mulher no cargo, todavia pela dificuldade encontrada, resolveu nomear o doutor Calero, da carreira de embaixador (PMDB-RJ), pessoa de boa repercussão nos meios culturais. Já fora candidato a deputado federal pelo seu Estado, todavia obteve pouco mais de dois mil votos, insuficientes para levá-lo ao congresso nacional.
Recentemente, fora envolvido num escândalo de “tráfico de influência”, patrocinado pelo ex-ministro Geddel Viana (PMDB-BA), em face da pressão para liberação de uma obra, ou seja, um edifício luxuoso, localizado em local privilegiado de Salvador, controlado pelo Patrimônio Histórico Nacional, em que o protagonista teria adquirido um apartamento financiado. A lei estipula que na área em questão não pode ser construído imóvel acima de treze pavimentos, enquanto que o impugnado teria cerca de trinta, ficando claro e evidente que tal licença jamais poderia ser concedida por parte do doutor Calero, que assim cumpriu rigorosamente sua missão.
Sabe-se que até o próprio presidente da república teria convocado o doutor Calero ao Palácio, a fim de conversar sobre a matéria, assim como dizendo que em política isso era normal, fato que agravou a pressão a que se sentia submetido o respeitável ministro da cultura, que após esses entendimentos renunciou ao cargo, procurou a imprensa e fez uma celeuma dos seiscentos diabos, a ponto de estremecer a república, porquanto as suas conversas com as demais autoridades foram por ele gravadas, e isso põe em dúvida a conduta do mais alto mandatário do país. À Polícia Federal ele já depôs, e o processo está nas mãos do Procurador Geral da República.
Vale notar que a atitude do doutor Calero, se confirmadas as gravações, foi, no mínimo, criminosa, até porque provas obtidas de maneira ilícita, sem autorização judicial, não têm qualquer valor em matéria de direito. Ora, estão até mesmo contestando as autorizadas por juízes, imagine-se essa que ocorreu por conta e risco do denunciante. Como que se pode imaginar e admitir um ministro da confiança do presidente patrocinar um expediente desmoralizante desse quilate, gravando conversas particulares, a não ser para causar pânico e tentar derrubar a autoridade máxima do país?! Será que ele próprio desconfiava de que ninguém acreditaria na sua palavra? Não se sabe, mas a verdade é que isso poderá levar a que seja pedido o “impeachment” do presidente Temer, um político experiente, mas que levou o escândalo para dentro de seu gabinete, demonstrando sua boa-fé no ministro Calero.
Lamentavelmente, errou feio o nosso presidente, porquanto em matéria de governo os interesses particulares próprios ou de terceiros não podem ser superiores aos do governo e do seu povo. O clima no Brasil, que se acha perto de uma convulsão, eis que movimentos são patrocinados em todos os Estados ainda por conta do afastamento da doutora Dilma, quando os partidos de sustentação dela prometeram impedir qualquer sucesso ao governo Temer.
Meu velho pai sempre me falou num antigo provérbio popular, que dizia mais ou menos assim: “Quem com porcos se mistura, farelo come”. Diante do quadro brasileiro, quando se fala que todos são corruptos, e a ser verdadeira essa afirmação, vamos ter de também comer esse produto, que deverá aumentar de preço nos meios comerciais.
Somente a título de informação, primando pela minha condição de independência, gostaria de dizer que no mesmo dia em que estourou esse assunto enviei um e-mail a um senador da base governamental, pugnando pela demissão do ministro da Secretaria da Presidência, que não vou aqui publicar, até porque não estou autorizado a fazê-lo.
Fico por aqui.
Meu abraço.
AnsilgusQuando da formação de seu ministério, como se sabe, resolveu extinguir justamente o da cultura, fato que gerou protestos de ilustres compositores e artistas brasileiros, à frente aqueles tradicionais, como o Chico Buarque, o Gilberto Gil e outros de nomeada, que têm muito prestígio nas lides sociais e no meio artístico. Disso resultou no arrependimento do presidente, que decidiu recriar o citado ministério da Cultura, tentando colocar uma mulher no cargo, todavia pela dificuldade encontrada, resolveu nomear o doutor Calero, da carreira de embaixador (PMDB-RJ), pessoa de boa repercussão nos meios culturais. Já fora candidato a deputado federal pelo seu Estado, todavia obteve pouco mais de dois mil votos, insuficientes para levá-lo ao congresso nacional.
Recentemente, fora envolvido num escândalo de “tráfico de influência”, patrocinado pelo ex-ministro Geddel Viana (PMDB-BA), em face da pressão para liberação de uma obra, ou seja, um edifício luxuoso, localizado em local privilegiado de Salvador, controlado pelo Patrimônio Histórico Nacional, em que o protagonista teria adquirido um apartamento financiado. A lei estipula que na área em questão não pode ser construído imóvel acima de treze pavimentos, enquanto que o impugnado teria cerca de trinta, ficando claro e evidente que tal licença jamais poderia ser concedida por parte do doutor Calero, que assim cumpriu rigorosamente sua missão.
Sabe-se que até o próprio presidente da república teria convocado o doutor Calero ao Palácio, a fim de conversar sobre a matéria, assim como dizendo que em política isso era normal, fato que agravou a pressão a que se sentia submetido o respeitável ministro da cultura, que após esses entendimentos renunciou ao cargo, procurou a imprensa e fez uma celeuma dos seiscentos diabos, a ponto de estremecer a república, porquanto as suas conversas com as demais autoridades foram por ele gravadas, e isso põe em dúvida a conduta do mais alto mandatário do país. À Polícia Federal ele já depôs, e o processo está nas mãos do Procurador Geral da República.
Vale notar que a atitude do doutor Calero, se confirmadas as gravações, foi, no mínimo, criminosa, até porque provas obtidas de maneira ilícita, sem autorização judicial, não têm qualquer valor em matéria de direito. Ora, estão até mesmo contestando as autorizadas por juízes, imagine-se essa que ocorreu por conta e risco do denunciante. Como que se pode imaginar e admitir um ministro da confiança do presidente patrocinar um expediente desmoralizante desse quilate, gravando conversas particulares, a não ser para causar pânico e tentar derrubar a autoridade máxima do país?! Será que ele próprio desconfiava de que ninguém acreditaria na sua palavra? Não se sabe, mas a verdade é que isso poderá levar a que seja pedido o “impeachment” do presidente Temer, um político experiente, mas que levou o escândalo para dentro de seu gabinete, demonstrando sua boa-fé no ministro Calero.
Lamentavelmente, errou feio o nosso presidente, porquanto em matéria de governo os interesses particulares próprios ou de terceiros não podem ser superiores aos do governo e do seu povo. O clima no Brasil, que se acha perto de uma convulsão, eis que movimentos são patrocinados em todos os Estados ainda por conta do afastamento da doutora Dilma, quando os partidos de sustentação dela prometeram impedir qualquer sucesso ao governo Temer.
Meu velho pai sempre me falou num antigo provérbio popular, que dizia mais ou menos assim: “Quem com porcos se mistura, farelo come”. Diante do quadro brasileiro, quando se fala que todos são corruptos, e a ser verdadeira essa afirmação, vamos ter de também comer esse produto, que deverá aumentar de preço nos meios comerciais.
Somente a título de informação, primando pela minha condição de independência, gostaria de dizer que no mesmo dia em que estourou esse assunto enviei um e-mail a um senador da base governamental, pugnando pela demissão do ministro da Secretaria da Presidência, que não vou aqui publicar, até porque não estou autorizado a fazê-lo.
Fico por aqui.
Meu abraço.