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A madrugada de hoje, em nada se equipara a de ontem, até os tormentos as fazem diferente ficar, o ar é deveras mais pesado, e a dificuldade de respirar se acentua e começo a me preocupar. Estou acordado e todos dormem, enquanto todos dormem eu estou acordado, mas não me vejam como coitado, alguma coisa me diz que por isso eu tenho que passar.

Mas, ao mesmo tempo me pergunto, se isso já não é demais para mim? Tenho cabelos brancos e minha pele está cada vez mais desgastada apesar da juventude, que insiste em não me acompanhar. Minha preocupação é que tenho perdido o encanto, logo, às coisas mais simples não conseguem me inspirar.

Mais cedo eu tomei de posse uma caneta, e algumas coisas escrevi, mas não consegui minha revolta em ódio transformar, o ódio em mim não cria raiz, tal sentimento eu nunca fui capaz de cultivar. Aprendi a contar até dez e aos poucos vou aprendendo a respirar.

É como diz o poeta, reverberado por todos os que acreditam na salvação da humanidade, dizem que agora vejo em partes, mas que logo mais verei face à face, pois dizem que é só o amor, que é só amor, por que o amor é bom e que não quer o mal.

Queria dormir, mas há sempre algo que me impede, ás paredes e o computador me fazem companhia, ninguém se dispõe comigo a solidão desfrutar, às vezes acho que não sou daqui, ou que o tempo para mim, foi mais rápido, pois por vezes eu tenho que voltar, até perceber que tudo que penso e escrevo é sem dúvidas daqui.

Confesso que estou um tanto contrariado, não pensei que pudesse ficar viciado, e que todas às madrugadas além de não dormir, tenho que escrever antes de tentar descansar, menos mal por que ainda me encontro em um profundo vácuo poético, e que se não fosse isso, e tivesse que escrever à cada vez que minhas mãos começassem a esquentar, certamente eu enlouqueceria e talvez só assim, normalmente eu pudesse ficar, cansei de escrever amanhã voltamos a conversar.

Uil

Elisérgio Nunes
Enviado por Elisérgio Nunes em 25/11/2016
Reeditado em 25/11/2016
Código do texto: T5834080
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