Quem você atenderia primeiro?

Imagine. Sim, faça um exercício de imaginação comigo. Se você fosse um socorrista, digamos do SAMU, e chegasse ao local de um acidente e lá se deparasse com a seguinte cena: Um motorista embriagado, que trafegava em altíssima velocidade, na contramão e que se chocou contra o carro de um pai de família que voltava do trabalho causando um acidente. Sabendo que o motorista embriagado estava com ferimentos graves, entre a vida e a morte e o pai da família, apesar de ferido, estava bem e não corria risco de morte, quem você salvaria?

#

Veja bem, o motorista embriagado estava errado. Assumiu o risco de matar alguém quando saiu dirigindo bêbado e sem respeitar as leis de transito, mesmo assim, sabendo de tudo isso, a opção natural ou normal é que você salve primeiro o que está mais ferido, aquele em risco de morte, afinal a morte é cabal. Essa é a regra. A vida humana é preciosa e isso não é discutível.

#

Um dos maiores assuntos desta ultima semana tratou do seguinte enigma. Se você fosse um médico e chegasse ao seu plantão um policial com um ferimento no braço, que não lhe causava risco de morte e um traficante com um ferimento grave, quem você atenderia primeiro? A discussão é polemica, mas ao mesmo tempo tão banal, que nem deveria ter ganho todas as manchetes que ganhou. Não há argumento sólido que expresse uma outra resposta a não ser a que o primeiro atendimento deva ser aquele que corre mais risco, independente de quem ele é, afinal você é medico e você nesta caso teria um dever moral de salvar vidas. Mesmo você não conseguindo se imbuir na condição de médico, ainda assim a sua resposta dever ser a de salvar uma vida antes de qualquer coisas, afinal, assim deveria ser a humanidade.

Essa escolha não é uma preferencia ao traficante em relação ao policial, mas sim, uma prioridade a quem de fato precisa da preferencia naquele momento. Em qualquer outra situação eu escolheria o policial e desprezaria, como desprezo o bandido, mas ali, naquele momento em que você teria o poder entre a vida e a morte, eu escolheria a vida.

Sinceramente, gostaria de atender o policial, afinal, este é um herói, um defensor da sociedade e representa tudo o que acredito e respeito, enquanto o outro é a escória, é a erva daninha que mata lentamente a nossa sociedade. Gostaria de atender o policial, por inúmeros motivos, mas mesmo assim atenderia o traficante, simplesmente porque é o certo a se fazer. É a escolha entre a vida e a morte e você deixar alguém morrer lhe tornaria tão escória quanto à escória que você despreza. Quando se trata de morte, puxar um gatilho ou deixar alguém morrer é quase a mesma coisa.

#

Creio eu que ao dar entrada em uma emergência de hospital, você se torna paciente. Simplesmente isso. Você não é mais traficante ou policial, você é paciente e a escolha do médico deve ser baseada em questões técnicas e não emotivas. Essa seria a resposta final para toda a polêmica.

No dia em que deixarmos de ver a humanidade como humanidade e fizermos a opção pela morte, independente do individuo a qual ela acometa, então tudo vira caos e o mundo já pode parar, pois tudo o que interessa perdeu a razão de ser.

#

Alguém diz: E se o traficante tivesse matado o teu filho, o que é um argumento absurdamente extremista, afinal, se fosse o autor da morte de um filho meu, não estaríamos mais atuando no campo da ética e da moral humana e sim no campo das emoções e quando falamos em emoções aí não há mais discussão racional.

Creio que todos os policiais que eu conheço, ou pelo menos assim espero, na hora de fazer o salvamento de duas pessoas que brigaram e ambas acabaram feridas, jamais questionam, quem é quem para salvar aquele com melhor currículo ou que estava certo no fato em si, ele simplesmente vão lá e cumprem a missão de salvar quem precisa ser salvo. É simples assim. Pelo menos é assim que deveria ser.

#

Quando o policial está lá, na atuação e o confronto se faz necessário não preciso nem pensar duas veze para dizer que prefiro que morra o traficante. Jamais lamentarei pela morte de um traficante como lamentarei a morte de um policial. Jamais criticarei, aquilo que a imprensa caracteriza de excesso, quando um policial na sobra de um confronto abate um criminoso. Não de modo algum. Se é para chorar a mãe de alguém que chore a mãe do bandido e não a mãe de quem dedica a vida para me proteger.

Se a escolha fosse entre dois feridos com risco de morte, não pensaria duas vezes em dar prioridade ao policial. Se a minha decisão fosse entre a morte do policial e a morte do traficante, não pestanejaria em deixar os politiqueiros dos direitos humanos de cabelo em pé e optaria sempre pelo policial, no entanto, quando a única escolha era entre a vida e a morte somente do traficante eu optaria pela vida. Creio que mesmo que ele tivesse me feito um grande mal, afinal, só quem não conhece o mundo é que acha que a morte é castigo.

Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 24/11/2016
Reeditado em 24/11/2016
Código do texto: T5833817
Classificação de conteúdo: seguro