Nostalgia

"Em tempo de Bienal do livro"

Alguns cliques e posso ler um poema,

dois, tenho os dez melhores do Fulano de tal;

mais um, e fico sabendo quem foi o grande vencedor do concurso

de contos da feira de Parati deste ano.

Rapidamente chego aos melhores romances da literatura russa;

Alguns passos e tenho a melhor prosa do ano de mil novecentos e noventinha segundo a Academia de Letras de Cucui de las palomas.

Livros? Aqui e acolá posso topar com quatro mil

títulos em pdf, grátis!

E até faço isso de vez em quando,

mas gosto muito do velho e bom livro.

Gosto de sentir o cheiro do papel,

ter o prazer de sublinhar algumas palavras e frases,

Curtir as notas de roda pé.

É bom andar por uma livraria como quem passeia por um pomar,

é como estar em uma boa pescaria.

Levar os livros preferidos nas viagens, e como é difícil decidir quais levarem, na dúvida exagero sempre. Gosto de ter bons amigos por perto,

amigos que nunca nos abandonam,

estão sempre lá, à nossa espera;

Na estante, são como barcos no cais, sempre prontos nos convidando para a aventura.

Quando eu não era dono do meu tempo,

olhava para a minha estante e lá estava ele

mirando-me diretamente nos olhos como uma esfinge dizendo-me:

Leia-me ou te devoro! Era o grande oceano de palavras de Proust- no Em busca do tempo perdido, meses e meses ele foi meu companheiro de viagem.

Acho que me utilizarei do livro digital para umas visitas rápidas a Proust e matar a saudade.

Pensando bem, acho que há espaço para as duas linguagens.