Meus olhos fechados
Perdoe-me. Hoje reparei em uma data: solstício ou equinócio, se fosse em outro mês. Hoje, era apenas mais um dia. Hoje marca um outro dia. Hoje, pensei ter me lembrado da data em que comemorávamos nosso namoro. Engano meu. Essa é a data de outro. Envergonhada e um pouco arrependida por nisso ter pensado, tentei resgatar a nossa data. Mas sinto que está lá no fundo, bem apagada... como neblina sobre a neve. Como chuva sobre o mar. Como pensar em você e não me lembrar do seu rosto. Ver fotos e não saber como você está. Um dia, pensar em você e saber que não mais me importava como você estava. E, depois de vários dias sem pensar em você, pensar em você como um bom amigo. Não sentir saudades. E, depois, perceber que só daria certo com você. Perdoe-me por te ter comigo e te deixar. Por querer sua decisão. Por querer me ter inteira para mim. Porque, naquele momento, não achei que valia a pena ser de outro modo. Talvez tenha sido egoísmo: eu ainda não sei. E você nem imagina. Mas... precisamos mesmo saber? Nossa dúvida é maior que a nossa maior certeza. Se um dia eu soubesse de algo, não teria feito o que fiz... quem sabe. Mas me perdoe. Meu coração se esqueceu. Lembranças, na iminência de se apagarem, revelaram-se levemente em minha frente. Para apenas... irem-se embora. Como um “adeus” que nunca havia sido dito. Por nenhum de nós dois. Quem diria que elas iriam embora... Mas, se eu não as ver partirem, não poderei ter certeza que acabou. Que tudo se foi. Que nós não somos. Por isso, inconscientemente...
Fecho meus olhos para você.