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Na verdade, nem sei porque estou escrevendo, deve ser a consequência por não parar de pensar, eis que meu pensamento estas tão acelerado, que sinceramente tive vontade de correr, tentando de todas essas elucubrações me livrar. É madrugada, estou acordado enquanto todos dormem, não há ninguém, no mundo que com isso se empolgue, e quem diz que quem dorme muito vive pouco, procura na verdade um conforto para à insônia que está a enfrentar.

Acreditem, é tamanha a minha aversão pela noite, creio que meu corpo não distingue e só reconhece o dia, como se da luz não quisesse se afastar. Há muito tempo não durmo, e percebo pela variação de humor, com meu sono fora embora à tranquilidade, a inspiração para compor e isso me afeta de tal forma que não consigo descansar.

Tenho olhado minha cama, percebo que ela também me olha, da mesa onde escrevo é tão perto, mas na inquietude em que me encontro parece distante, logo me recuso a deitar, confesso que é desesperador, pois no meu quarto o silencio é gritante, o que faz a solidão cada vez mais interiora, é como se fosse uma prisão, a diferença é que aqui não sou obrigado a ficar, queria dormir, não sei o que me impede.

Sou muito bom em ouvir o silêncio, aprendi nessas noites mal dormidas, agora mesmo eu consigo ouvir os meus batimentos cardíacos, o sangue correndo nas veias, e uma voz parecida com a minha, a dizer aguenta! Apenas algumas horas e o dia irá clarear. Estranho, eu decidi escrever sobre isso, não há nada de poético, tudo tem estado tão disperso, a bagunça do meu quarto é igual à que há dentro de mim, acabei de constatar.

Antes eu conseguir ler, mas agora está difícil parece que a minha mente faz questão de todas as informações que absorvo, quando chega à noite me lembrar, isso é deveras uma tortura, pois tudo que faço durante o dia, eu relembro na noite, deve ser um castigo, eu penso, porque da noite eu não estou mais a gostar. Eu penso tanto e me canso, eu canso tanto e ainda penso, agora mesmo estou pensando em parar de pensar, mas cansado é um tormento.

Tenho muitas coisas para fazer, e já as fiz muitas vezes, porém no pensamento, claro eu repeti muitas vezes, escolhendo palavras, a entonação da voz, o jeito de caminhar. Penso que tenho que ler, mas não consigo, penso que não consigo e que tenho que ler, alguém me diz onde aperto para parar de pensar, penso que ninguém sabe ou se sabe não me diz.

Pensei que escrever sobre o que penso, me fizesse parar de pensar e vejo que não, eu continuo pensando em tudo, e queria não pensar em nada, mas percebo que pensar em nada é também uma forma de pensar, é tarde, vou ficar quieto na cama, é assim que descanso ou pelo menos costumO tentar, amanhã tem mais pelo jeito...

Uil

Elisérgio Nunes
Enviado por Elisérgio Nunes em 21/11/2016
Reeditado em 21/11/2016
Código do texto: T5829900
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