AS CELAS DA MENTE

Se não somos simpáticos ao ser humano, “coisificamos” as pessoas. Há dias em que somos invadidos por uma dúvida positiva. Então podemos constatar que a vida está como está porque quisemos ou porque nos deixamos levar; ou, ainda, porque não nos importamos e simplesmente deixamos “as águas correrem”? Somos bombardeados constantemente por tudo o que está ao nosso redor. E algumas dessas situações nos impulsionam; outras podem nos manter inertes, pois podemos nos encontrar, por vezes, esgotados. Calma! O vencedor que é você pode se cansar, mas não deve desistir jamais! Pare um pouco, descanse um pouco e vá em frente! Sabemos que a espécie humana é em muito voltada ao lazer, ao prazer, à tranquilidade. Tudo isso é muito bom para a qualidade de vida, mas a imersão em um estado de conforto constante pode ser um mergulho no escuro. Isso pode ocorrer quando não ansiamos “nos esquentar”, porque dá trabalho pensar, modificar algo de lugar e alcançar o autodomínio. Sair dessa zona de aconchego exige concentração de energias e potencialização do entusiasmo para a ação. O escritor, norte americano, Neale Donald Walsch, nos assevera que “a vida começa no final de sua zona de conforto”.

A despeito de tudo, é provável que falte a alguns a direção, isto é, por onde ir. Todos nós estamos aptos a concorrer e enxergar mais adiante, contudo pode nos faltar coragem, boa vontade e o exercício da disciplina para sair do ponto de partida e transcorrer ao ponto de chegada. Então campeamos as nossas âncoras. Será que uma delas está atolada próximo de nós e não fomos capazes de esclarecer tal pérola no caminho? Já que tocamos nesse assunto, gostaria de lembrar aqui um conto do consagrado educador e escritor, Rubem Alves, que nos revela que “uma ostra feliz não faz pérola”. Havia muitas ostras em um oceano, que estavam cantando um canto alegre e satisfeito. Todavia uma delas que estava do outro lado e amoitada em seu canto, voltada para si, parecia sentir uma forte dor, pois o que saía pelos seus poros era uma música triste e dolorida. Tempos depois, um pescador encontrou em sua rede aquelas ostras, inclusive a que estava infeliz. Ao prepará-las e se alimentar delas percebeu que eram muito saborosas, contudo pouco depois deu uma dentada em algo muito rígido, que quase lhe quebrou o dente. Quando a teve em suas mãos, percebeu que era uma linda pérola! Sim! Somente aquela ostra triste produziu uma brilhante pérola! E aquele pescador a presenteou a sua bela esposa!

A narrativa acima nos faz refletir sobre as trajetórias diárias. É bem verdade que cada um de nós almeja sempre cantar o canto da alegria em todo o tempo. Entretanto o dia a dia, de vez em quando, nos prepara situações em que nossa visão se turva e somente percebemos barreiras e cadeados. Neste momento o espírito, ainda que de forma inconsciente, se tranca em celas da mente, por medo, por não saber o que fazer ou por sentir uma dor inexata. Por outro lado, ampliemos nosso panorama e reconheçamos que toda e qualquer situação de grande impacto emocional negativo pode e deve ser analisado como um suporte; como uma oportunidade para que possamos revelar habilidades e talentos. Assim também, nesse cenário, para que possamos nos abrir a criatividade e a restauração de nós mesmos e sobrepor tais obstáculos para o desenvolvimento de forças ocultas que estavam adormecidas em nós. Esse olhar excêntrico nos transcenderá para colorir o dia, prestigiar as pequenas coisas e contemplar o belo, quando estiver diante de nós.

Vale dizer ainda que quando nos deparamos com os diversos acontecimentos que lemos ao jornal, que assistimos à televisão, podemos ficar ocasionalmente, extasiados e com uma “pulga atrás da orelha” em saber que há tanta violência, corrupção, antipatia e etc. É inescusável que compreendamos que a existência não é e nem nunca será um mar de rosas; que as realidades perversas ou bem-sucedidas não caem do céu e não revelam o fim dos tempos. Em tudo isso pode haver uma ação humana; perto ou longe há um trabalho, um desenvolvimento de um processo que promove um cultivar; que ao florescer, ocorrerá uma transformação que exigirá força, permanência e constância. Quando tudo parecer em desarmonia, não se desespere e não se aflija! Não jogue os pés pelas mãos, pois a saída está logo ali à frente! Basta respirar fundo para encontrar o ponto de equilíbrio, para continuar a viver em serenidade. Como diz a canção: “o mundo pode até te fazer chorar, mas Deus te quer sorrindo”, pois, como nos diz o escritor Augusto Cury, - “cada ser humano é simplesmente notável”!

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 20/11/2016
Código do texto: T5829445
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