Desconhecido

Peço a você leitor a licença de criar um personagem diferente agora. Ele se chamará “Desconhecido”. O porque desse nome? Simples. Não quero que você saiba os seus gostos, seu perfil, se é homem ou mulher. Quero apenas que o imagine como uma pessoa. Apenas.

Desconhecido certa vez se viu em uma situação que qualquer pessoa nessa vida já passou. Ele amou. E quando digo amar, isso significa ficar enclausurado dentro de um quarto com os pensamentos a flor da pele. Não demorou muito para se decepcionar e ter um ataque. Perdeu o que nunca teve. Nunca foi atrás. Nunca conquistou.

Talvez o maior medo fosse o caminho que faria para conquistar. A paranóia consumiu. Colegas sempre apoiaram e disseram que era hora de tomar alguma atitude, seja ela precipitada ou não, mas algo deveria ser feito. Pois bem, em uns dias desses encontrou novamente a pessoa e resolveu soltar tudo que estava entalado na sua goela. Disse o que qualquer pessoa apaixonada falaria. O desconhecido falou sobre amor.

Sem reação, a pessoa em questão não tinha o que fazer. Falar que não sente nada e apenas ver como amigo(a)? Essa é velha. Mas diferente de tudo, ganhou um abraço da pessoa. Imprevisível. Mas esse abraço se fez consumir de uma forma diferente. Mal sabia que estava lidando com o mais comum tipo de amor. O amor de Eros. O amor carnal. Sem reciprocidade.

Naquela hora percebeu que ainda sim não era suficiente, não era o que queria, e pensou: “porque não incremetá-lo e vivê-lo de forma mais grandiosa?!” Por hora então necessitou do amor Ágape. O amor sentimentalista, puro, quando ama os outros por eles mesmos. O amar por amar.

Se sentiu vazio, sem forma, como se precisasse de algo a mais para preencher.

Talvez era isso que precisasse, o equilíbrio. Poderia amar a carne, mas não poderia amar os seus sentimentos? Poderia amar os defeitos, porém não amar a sua física? Besteira. Digamos que aconteceu uma reação exagerada. Se hipnotizou muito pela sua beleza, mas esqueceu do principal, a sua essência.

Entre devaneios da vida, passou despercebido que a pessoa em questão que se apaixonou, só podia devolver o amor de Philos. O amor de amigo. O máximo que a sabedoria da felicidade poderia proporcionar na vida.

Exagerou muito em uma parte e acabou esquecendo o seu próprio equilíbrio. Deixou se levar por 24 horas de um dia escolhido e o chamou de “felicidade eterna”! Não soube lidar com partes. Em outras palavras, cavou a terra em busca do ouro, mas encontrou um chão de mármore.

Não foi tarde.

Pensou. Resistiu. Finalmente enxergou o que estava nítido na sua frente e sua descarga emocional foi controlada. Colocou os pés no chão. Logo virou conhecido e teve a coragem de começar tudo outra vez.