O FILÓSOFO
Por Gecílio Souza (13/11/2016)
Filósofo é uma espécie de poeta
Que não se prende a qualquer meta
Não caminha em linha reta
Cultiva uma paz inquieta
Com a verdade sempre flerta
Ao falso moralismo contesta
A dúvida é sua predileta
Das certezas se liberta
Aos preceitos faz alerta
Nova concepção enxerta
Não pretende ser profeta
Obstrui a crença pateta
O fundamentalismo, deleta
Vive livre, não vegeta
Perspicaz, vida discreta
Todo dia é uma página aberta
Se abstém da mesmice indigesta
Vê a existência como uma floresta
Árvore caída, árvore ereta
Pedra móvel, pedra quieta
A verdade não se encabresta
Ela é livre, ela é modesta
Viver é para quem interpreta
A pista errada pode ser a certa
Bom nem sempre é o que presta
A vida é uma grande festa
Mas o trágico lhe afeta
No mel, o fel se injeta
A próxima etapa é incerta
O imponderável desconcerta
Ao fanatismo admoesta
A fé cega se projeta
Para a intolerância abjeta
Que o obscurantismo lhe acoberta
E a filosofia prontamente veta.