cena para teatro, sentados à mesa
Personagens:
Rui – Diretor Comercial da empresa, português, simpático e dado a porres.
Eu – homem acuado, vendedor medroso, nunca diz o que pensa, gentil e sarcástico.
Homem/mulher – vendedores da empresa, ambiciosos, festejam, pois é sexta-feira.
No restaurante em Arujá, São Paulo, sentados.
- Rui, o que estás a ler?
- Estou a ler esta revista... (mostrando com a mão esquerda, atrapalhava-se ao tentar me mostrar a capa, porque em sua mão direita segurava um garfo, que tinha na ponta o que parecia ser uma mandioquinha espetada).
- a revista se chama “construção”, prosseguiu Rui, “aprendi por exemplo que a maior bacia hidrográfica de água doce está no Brasil” concluiu.
- a vá, diz uma novidade, se é bacia hidrográfica, é obvio que é água doce! Tu és um português burro prá cacete!”pensei, mas agia calado e anuía com a cabeça, repetindo falsamente admirado “pois é, a bacia amazônica” (com ênfase nas últimas duas palavras).
O vendedor pediu ao garçom um cinzeiro para bater a cinza do cigarro, enquanto a vendedora dava um trago no cigarro e devolvia-o e dava outro gole no chope e assim retocava o batom no copo, estava expansiva, tocando com as mãos nossos antebraços, do Rui e os meus.
Enquanto isso, num instante, observava os copos marcados com o branco da espuma do chope e entabulávamos conversa atrás de conversa.