SEM SENTIDO
Das palavras de sua boca preferiu batom. Cansados de atingir o outro com ofensas de um relacionamento destruído pelo ciume e insensatez, preferiram ceder ao gosto do último beijo. Tudo pareceu tão sem graça o que a fez afastar João de sua vida privando-o do convívio íntimo. A procura da felicidade reataram as velhas amizades para que a liberdade deixasse de ser claustrofóbica. Assim procuram novos romances em barzinhos de esquina onde se encontra cerveja barata e cigarro clandestino. Sua rotina beirava o marasmo, tornando-o um fumante compulsivo. Aperfeiçoou sua ganancia por novos litros de cachaça e companhias desinteressantes. Procurava sempre que possível saber sobre a rotina daquela que o deixou com ambas as mãos livres. Enfim reencontra um antigo amor que no passado lhe custou várias noites em claro. Mesmo que se esforce nunca aprende com erros e torna a repeti-los sempre que vê uma mulher. Da última vez pagou a conta da lanchonete mesmo sabendo de que daquela garota não conseguiria se quer um olhar intenso. João se prestava a análise das ações simples o que resultava em deduções exageradas de situações do cotidiano. Ao olhar para pessoa já poderia descrevê-la sem mesmo trocar uma palavra. Caso lhe fosse dada a oportunidade de uma conversa sobre qualquer assunto em questão, adivinharia pelo ritmo da fala, pressão da respiração, posicionamento dos olhos e situação das mãos o quanto ela poderia ser sincera. Por exagerar na análise das situações e eventos esteve recluso por muito tempo as suas ideias e opiniões sobre o mundo. Desde então vem sedendo a reclusão visto a necessidade que há de obter novos causos para suas velhas histórias.