Não sou enfeite
Não sou um enfeite, então, não me trate como tal. Não sou como seus porta-retratos que você pode muda-los de lugar a hora que quiser ou guarda-los conforme sua vontade. Não, não sou um objeto que está sempre a sua disposição.
Talvez soe de forma egoísta o que tenho a dizer, mas quero sua atenção da mesma maneira que te disponibilizo a minha, e não como uma segunda, terceira ou até a última opção. Talvez eu esteja exagerando em tudo isso, mas até pouco tempo atrás minha alegria era te ver aceitar algum convite, daqueles bem aleatórios que sempre fiz, só pra mudar um pouco a rotina. Só que, parando para pensar, talvez eles tenham sido aceitos somente por não haver outros. Entendo que talvez essas coisas bobas que tenho te chamado para fazer não sejam, de fato, importantes pra você, mas para mim sempre foram.
Não me arrependo das vezes que deixei de ir naquele barzinho cheio de gente vazia para ir até sua casa jogar vídeo game e até mesmo tomar umas bofetadas por impulso, nem dos filmes que olhamos juntos e das noites que mal consegui dormir por estar quase caindo da cama. Não me arrependo, pois sempre tive a certeza de que essa a melhor opção para mim, a primeira que me vinha em mente. Enquanto os outros se consumiam em bebidas e cigarros, eu me consumia te vendo sorrir, admirando você dormir ou coisas do tipo. Cada um sabe dos seus gostos e prioridades, e essas eram as minhas.
Enquanto eu encontrava alternativas pra te ver, os outros preferiam as desculpas pelo simples comodismo, “Ah, mas é tão longe ir aí” e coisas do tipo, era o que diziam. Hoje, tenho sido a alternativa, caso esses lhe encha de desculpas, mesmo estando mais próximo deles.
Não sou do tipo de pessoa que implora pela atenção dos outros, mas também não gosto de doar a minha sem que queiram de verdade tê-la, nem tampouco que ela seja usada como peça de reposição para tapar a ausência de outros.