Burrinha

Quando assumi meu emprego bo banco, em 1964, não sabia nadinha de contabilidade, por isso me colocaram na carteira rural e, como era melhorzinho que os outros, em português, mesmo ruim em gramática me escalaram para fazer e responder as correspondências para a Direção Geral do Banco. O gerente não se preocupava com isso e p contador detestava escrever, o seu forte efam os números. Mas ele possuia uma preciosidade que nos ajudava muito, uma pasta, a que chamava de "Burrinha", onde tinha cópia de tudo, lançamentos contábeis, balaços, relatórios e, pasmem, cópias de corrrspondências exprdidas e recebidas da Direção Geral.

Assim, quando era preciso escrever ou responder algo, ele me entregava a Burrinha dizendo que eu procurasse uma correspondência parecida para fazer uma adaptação ao, como ele falava, caso em tela, só falava na linguagem bancária. Era o que eu fazia, mas cuidando do alinhamento, o contador exigia isso. Bom tinha mais um detalhe: feita a correspondência, ele dava uma lida por cima e mandava que eu colocasse algumas crases, dizia: - Escolha uns tres ou quatro "a" e taque crase, o pessoal da Direção Geral é tarado por crase. Nem eu nem ele manjávamos do assunto crase. E eu tacava as crases.

Um tempo depois chegou na agência uma auditoria, depois de conferirem o caixa, o auditor chefe que era conhecido como o cão chupando manga em português, perguntou rindo: - quem é o especialista em crase da agência? O contador tirou o rabinho da seringa r me apontou. Durante quase um mês o cara tirava meia hora pará me ensinar crase. Não aprendi tudo, mas o que sei do assunto devo a esse auditor.

O onteressante é que até os auditores possuiam uma Burrinha. Eu nunca organizei uma, por pura preguiça. Intê.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 16/11/2016
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