Rio de Janeiro em meus braços abertos
Sou poeta, não sou cronista, mas quem escreve, a escrita,
vem contar de tantas cenas, cotidianas, descritas na ponta
sutil da pena, pegando carona na lida, no povo, na consciência, no causo grande ou pequeno, no dia a dia da vida.
Sou carioca da gema, com orgulho deste laço, e hoje com
muito embaraço, chamo atenção deste povo, que entrega-se,
nem vivo, nem morto, às palavras tão mal(ditas), que defamam, que denigrem, que colocam sobre a lama um tapete de belezas.
Lá fora além das fronteiras, bem longe das duzentas milhas,
onde há rainha e princesa, onde há até terrorista, ao ouvir
o nome "Brazil" vem na mente com certeza, a mulata, o carnaval,o Cristo de braços abertos sob um sol descomunal...O Brasil dos cartões postais que desfilam nas orlas do Rio, e agora vejo incrédula, mancharem com tom mais sangrento, no despudor violento, esta imagem especial que não tem no seu cenário, nada além de um relicário, de beleza natural...
Carioca, não permita, que demitam desta Terra, deste Mapa,
desta Era, nas escusas falcatruas, nas mentiras bastidoras,
na mortal conservadora sub-raça nacional, esta paisagem
tão bela, agonizante em seu povo, que vira-lhe o próprio rosto, e lhe crava no seio, um punhal.
Agora abro meus braços, sem qualquer demagogia, deito
os olhos tão cansados nas manchetes do meu dia, e agradeço
ao Criador, este berço que me abriga.
E ao bom entendedor, toda palavra foi dita.