Super Lua
Era uma noite incerta, as luzes já haviam se apagadas, as pessoas dormiam, a Lua tentava chamar atenção, e conseguiu, a minha. Já era meia noite quando resolvi sair, sair para admirar sua rara e esbelta aparição, no entanto, pouco visualizada. A praia ficava perto, o caminho era um escuro, solitário e silencioso. Ao aproximar da praia, ouviasse seu lindo e impetuoso sonar, o vento também tentava se comunicar através dos imensos coqueiros. O tempo passava, a lua ficava mais intensa, o mar se agitava, a deserta avenida se assemelhava ao "Vale da Morte", pouquíssimos eram os carros que ali transitavam, ninguém lá estava para contemplar a majestosidade lunar a não ser eu e dois cachorros, sendo que um deles hesitou ao ouvir meu sereno assobio, o medo tomou conta de mim, porém era apenas mais um animal demarcando sua área de guarda costeira. Eu estava limitado a um certo ponto do litoral, um local onde havia jangadas guardadas pelos mesmos cães visto anteriormente, à qual minha segurança seria posto em jogo. Às 1:20, nuvens entraram em dança com a Lua, criando um real espetáculo acromático, entretanto paradisíaco. Em momentos, confesso que a pareidolia tomou conta de mim, talvez a tranquilidade e suavidade do ambiente deva ter colaborado para difundir minha percepção do real e do imaginário. Por um momento, me vi distante do mundo, tênue em relação a minha vista, sem sentimentos, emoções, reações e desejos, somente o prazer instantâneo em ver que a clamada "Super Lua do século" estava lá, diante de mim, o mar, sua brisa estonteante e dois cachorros, que talvez nem estivessem lá de verdade.