O u t r o s s i m

Para mim, Graciliano Ramos foi - e continua sendo - um dos melhores escritores do país em todos os tempos. Um escritor "comme il faut", escrevia certo, envolvia o leitor e questionva a confição humana. Escreveu livros importantíssimos como "Angústia", "São Bernardo", "Vidas Secas", além do monumental "Memórias do Cárcere", sem esquecer de um romance que ele não gostava, mas que adoro, "Caetés".

O Velho Graça, como o apelidavam era jm homem avesso à vaidade, recusou a ABL e detestava homenAgens. Além disso, era de jma franqueza rude, não escondia o que pensava. Era também radical e meio irascível, até intolerante. Quando traduziu o tomance "A Peste", de Camus, cortou 63 páginas.

Sempre viveu em meio a dificuldades financeiras. Quando foi solto no tempo do Estado Novo, os amigos arranjaram-lhe um emprego de revisor no jornal Correio da Manhã. Ele era muito rigoroso na rrvisão fos textos, mesmo os de escritores famosos. Nessa função ele cortava sempre certas palavras que detestava. Revisando um artigo de um membro da ABL ele encontrou a palavra "outrossim", uma das que detestava. Não teve dúvida, riscou a danada com lãpis vermelho e na margem do artigo escreveu: - Outrossim é a puta que o pariu.

Viva o Velho Graça. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 15/11/2016
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