Mundo estranho

O mundo passa pela janela do meu quarto,

Vejo nuvens velozes, luzes cansadas,

Vejo o por-do sol sendo desfeito pela negridão da noite.

E ouço da janela, uivos infelizes,

E depois de alguns instantes, algazarras,

Nem sei ao certo se vozes de lamento, ou de euforia,

Mas sei que o mundo parece perdido,

Mesclado entre amor e ódio.

E o mundo continua a passar pela janela do meu quarto.

Como num momento de descontração,

Ou que se perde num descuido imaturo.

Perde-se o tino, com o desamor que impera,

E homens despidos de lealdade, fecham-se para o amor.

Ouço da janela do meu quarto,

Músicas que falam de fama, de dinheiro e guerra cível,

Não ouço sequer uma canção de amor,

Nem ainda os acordes de um violão.

Todos temem amar, julgando fora de moda.

E destroem-se mutuamente,

Porque frustram seus sonhos,

Ou se impedem de sonhar.

Primavera, verão, outono e inverno,

Perdem o valor e a promessa de poesia.

Flores apenas servirão para celebrações póstumas,

Porque o amor, outrora cultivado, hoje é apenas lembrança.

Mas nunca deixarei de acreditar, que em alguma janela,

Há uma visão de um mundo diferente.

Jorge Antonio Amaral
Enviado por Jorge Antonio Amaral em 14/11/2016
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T5823602
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