Mundo estranho
O mundo passa pela janela do meu quarto,
Vejo nuvens velozes, luzes cansadas,
Vejo o por-do sol sendo desfeito pela negridão da noite.
E ouço da janela, uivos infelizes,
E depois de alguns instantes, algazarras,
Nem sei ao certo se vozes de lamento, ou de euforia,
Mas sei que o mundo parece perdido,
Mesclado entre amor e ódio.
E o mundo continua a passar pela janela do meu quarto.
Como num momento de descontração,
Ou que se perde num descuido imaturo.
Perde-se o tino, com o desamor que impera,
E homens despidos de lealdade, fecham-se para o amor.
Ouço da janela do meu quarto,
Músicas que falam de fama, de dinheiro e guerra cível,
Não ouço sequer uma canção de amor,
Nem ainda os acordes de um violão.
Todos temem amar, julgando fora de moda.
E destroem-se mutuamente,
Porque frustram seus sonhos,
Ou se impedem de sonhar.
Primavera, verão, outono e inverno,
Perdem o valor e a promessa de poesia.
Flores apenas servirão para celebrações póstumas,
Porque o amor, outrora cultivado, hoje é apenas lembrança.
Mas nunca deixarei de acreditar, que em alguma janela,
Há uma visão de um mundo diferente.