COMO É FAZER 66 ANOS
COMO É FAZER 66 ANOS.
A inspiração viajou por mundos longínquos e me deixou na mão. Eu que sempre me emocionei a cada ano vivido, e compartilhei com vocês. Hoje, eu não vejo mais o horizonte ou acho que ele me encontrou... Como sempre, em todas as ocasiões eu me Faço lembrar o nosso mundo, e encontro respostas de todos que como eu, sobreviventes do caos que se implantou em um Pais, o qual rasgaram a Constituição e o que vale são os entendimentos dos tribunais, esses que deveriam ser guardiões da lei Mor e se tornam antagônicos. O que dizer de um Pais da insegurança social, onde todos são vigiados, policiados e criminalmente julgados, não pela lei, mas pelos entendimentos?
Ah! Paciência, essas coisas não nos interessam mesmo, até mesmo porque não vai mudar. Mas, eu tive sonhos nessa noite, e sempre aqueles que todos deveriam ter: sonhos de graça; felicidades; eróticos e de amor... Tento esquecer que foi um ano de perdas. Meus amigos: Salvador; Luis Campos e Francisco Magalhães foram ao encontro do Pai. O mundo ficou menor sem eles que deixaram uma imensa lacuna em nossas vidas e corações.
Mas, agora, a nevoa se desfez, dissipou-se deixando um halo de luminosidade confluente, arrebicando nomes como nossos pérfidos atormentadores e refletindo sobre seus terríveis e impenetráveis segredos, e dessa feita, caminhávamos de mãos dadas numa região litorânea, na pujança de nossas juventudes, sentindo o chapinhar na agua ao encontro de nossos entusiasmos pueris. Sabíamos que nenhum temperamento podia ser mais jovial ou possuir em maior grau, aquela expectativa otimista de felicidade, que é a própria felicidade...
Eu que já viajei no trem Maria fumaça e também fiz épica viagem no majestoso navio a vapor Almirante Alexandrim, na companhia saudosista de minha mãe Maria Cristina, e que percorri estradas, linhas férreas e caminhos, que voei nas asas do vento e singrei mares. Agora, semiaposentado da vida de aventuras, conservo as lembranças. É que os sofrimentos não podem ser suportados para sempre; assim como a maré perde a força com a lua minguante, em alguns dias da lugar a uma melancolia calma, nas caminhadas solitárias e nas meditações silenciosas mas que ainda produzem as efusões ocasionais de pesar tão intensa como sempre nos fazendo lembrar que: os tentáculos não são os que nos aprisionam ocasionalmente, mas aqueles que nos prendem nos recônditos da alma, nos interstícios das vagas lembranças e, que nos impedem de amar novamente, e assim, completo mais uma etapa da vida e faço 66 anos.
Airton Gondim Feitosa