O duelo
Dois corpos estranhos se unem, em um âmbito úmido, escuro. Ocorre, assim, o primeiro encontro. Primeiro namoro de dois corpos diferentes, que se fundem e se tornam apenas um.
O corpo material vai tomando forma. Imerso em uma bolha d'água, o mundo já é escuro, oval, contudo um mundo único.
Até chegar a hora de conhecer o mundo obscuro e oval dos outros...Sangue, suor, choro anunciam a morte em um mundo privado e o surgimento em um mundo social. É a morte que traz à vida para que um dia nesta vida cheguemos à morte.
Espectro de uma gente já contaminada acabam por viralizar esta nova espécie.
Tensão, emoção, relação...
Tudo consome. Tudo muda. Tudo se transforma. A vida duela com a morte. O tempo confronta o prazer. A dor questiona a esperança. A fé debate às provas. Os caminhos que já não levam à lugar algum...
Uma bactéria, vírus letal, câncer terminal, uma bala direcionada, outra perdida...Uma relação mal resolvida, um acidente, a janela de um apartamento, a ponta de uma faça, de uma lança, os sentimentos sufocados, o processo químico em andamento...
Novamente, o sangue, o suor, as lágrimas compulsivas jorram deste ser...seja por dentro ou por fora, já não é possível controlar a vida.
Neste duelo, uma venceu.
Agora, no lugar d'água, há terra...ou fogo, neste novo mundo.
Agora, insetos se alimentam da matéria decomposta...ou as chamas lhe consomem a carne, parte tão podre e morta quanto tua alma.
Irônico este duelo...uma sempre vencerá!