Justiça tímida
Consta que 56,6% dos magistrados são favoráveis ao fim do foro privilegiado. Inclusive para eles mesmos.
Essa porcentagem dá uma ideia de quão tímido é o senso de justiça para aqueles que militam exatamente no judiciário. O desejável seria um índice entre 80 e 90%, e não pouco mais que a metade, que representaria uma aproximação maior entre as diferentes camadas sociais no que corresponde aos direitos de seus integrantes. Ou seja, o cidadão comum pode ser julgado por qualquer tribunal ao passo que magistrados, políticos e detentores de cargos do primeiro escalão da administração pública têm direito a foro especial.
São diferenciações desse tipo que caracterizam a distância entre os que integram o meio melhor aquinhoado da sociedade – a elite – e as pessoas do povo. Os direitos não são iguais para todos. E a imutabilidade dessa realidade parece que nos acostuma com excrescências tipo "foro privilegiado", a ponto de não conseguirmos ser mais incisivos ou declaradamente favoráveis à sua extinção.
Rio, 11/11/2016