ALVORECER
A noite mal acontecia. As constantes inquietações, as viradas na cama, aquela dor inoportuna na cervical e a luz que rasgava a cortina em seus movimentos atingindo-me bem de frente, não tinham deixado realizar o meu sono. Agora o alvorecer acontecia. Alguns pássaros iniciavam seus cantos matinais. A luz amarelada enfraquecida começava a ganhar forças nos seus primeiros raios. O dia paulatinamente começava.
O silêncio do quarto e da casa me informam que sou o primeiro a despertar. Sou testemunha do silêncio noturno que aos poucos vai sendo quebrado pelo amanhecer. Corpo ainda paralisado pela noite mal dormida. Estico as pernas, movimento os pés e contraio a coluna, mantendo meu corpo tocando o colchão pelas extremidades. Espreguiço-me. Aos poucos assumo o controle corporal e acendo a consciência de mim e de tudo que me cerca. Começo a existir. Trago as vivências, as lembranças e a teia contínua da vida.
Antes de ir ao espelho lavar o meu rosto ou ir ao sanitário devo acordar minha filha, ela terá aula em uma hora. Abro a porta do quarto, desligo a luz sentinela da escada. Abro devagar a porta do seu quarto. Neste instante eu não existo, o sol não existe, nem mesmo o barulho musical dos pássaros na manhã. Não existimos para ela. Ela não tem consciência de nós. Continuamos o nosso movimento solitário de rotação.
Tenho que acordá-la. Com palavras leves e toques suaves a trago de volta para a existência. Tudo transcorre rápido: ir ao banheiro, tomar o banho, arrumar os cabelos. Vestir-se. Come-se algo, bebemos o café com leite e já estamos de saída. Aquela rotina também é imposta a outras revidas. Vejo algumas nos seus movimentos matutinos.
Antes de chegarmos ao carro vou olhar os três caroços de jambo que há quinze dias plantei no jardim. Observo que o primeiro sinal da germinação acontece. Vejo um broto verde. A força daquele acontecimento me paralisa. Por alguns instantes fico preso diante da vida que acaba de se manifestar. Então, a protejo. Coloco um pouco d'água. E sigo. A vida agora já se realiza mais plenamente. O dia acontece. Transeuntes apressados. Compromissos marcados e a vida que segue numa vertigem temporal com um aparente sentido no universo.
O silêncio do quarto e da casa me informam que sou o primeiro a despertar. Sou testemunha do silêncio noturno que aos poucos vai sendo quebrado pelo amanhecer. Corpo ainda paralisado pela noite mal dormida. Estico as pernas, movimento os pés e contraio a coluna, mantendo meu corpo tocando o colchão pelas extremidades. Espreguiço-me. Aos poucos assumo o controle corporal e acendo a consciência de mim e de tudo que me cerca. Começo a existir. Trago as vivências, as lembranças e a teia contínua da vida.
Antes de ir ao espelho lavar o meu rosto ou ir ao sanitário devo acordar minha filha, ela terá aula em uma hora. Abro a porta do quarto, desligo a luz sentinela da escada. Abro devagar a porta do seu quarto. Neste instante eu não existo, o sol não existe, nem mesmo o barulho musical dos pássaros na manhã. Não existimos para ela. Ela não tem consciência de nós. Continuamos o nosso movimento solitário de rotação.
Tenho que acordá-la. Com palavras leves e toques suaves a trago de volta para a existência. Tudo transcorre rápido: ir ao banheiro, tomar o banho, arrumar os cabelos. Vestir-se. Come-se algo, bebemos o café com leite e já estamos de saída. Aquela rotina também é imposta a outras revidas. Vejo algumas nos seus movimentos matutinos.
Antes de chegarmos ao carro vou olhar os três caroços de jambo que há quinze dias plantei no jardim. Observo que o primeiro sinal da germinação acontece. Vejo um broto verde. A força daquele acontecimento me paralisa. Por alguns instantes fico preso diante da vida que acaba de se manifestar. Então, a protejo. Coloco um pouco d'água. E sigo. A vida agora já se realiza mais plenamente. O dia acontece. Transeuntes apressados. Compromissos marcados e a vida que segue numa vertigem temporal com um aparente sentido no universo.