Rock and Roll Lullaby, uma música.

Essa música, com a qual Billy Joe Thomas embalava os corações solitários nos anos 70, especialmente quando sonorizava a novela selva de Pedra, teve pra mim, anos depois, um significado mais amplo do que aquele que tinha desempenhado à época, ou seja, simplesmente enternecer um “novelófilo” contumaz.

Partindo-se do pressuposto de que a vida imita a arte, nesse caso imitou sim, e minha menina, aos dezesseis, teve uma outra menina e juntas essas duas crianças cresceram.

Billy cantava - She was just sixteen and all alone when I came to be. So we grew up together, my mama child and me (Ela tinha apenas dezesseis anos e estava inteiramente só quando eu cheguei. Então nós crescemos juntos, minha mamãe jovem e eu) – e quando eu ouvia isso sentia um aperto no coração. Não, não posso, ou não quero pensar assim, que as deixei sozinhas; fiz o que me foi possível, apoiei como me permitiram as circunstâncias, estive ao lado delas, mas sei que não foi da forma como deveria ter sido. Também fui pai quando eu era pouco mais que um menino. É muito duro isso.

A vida foi em frente e, por Deus, não foi tão dura assim conosco. As duas cresceram e, enquanto cresciam, a família foi aumentando em progressão meio que geométrica; hoje há no ar alguns desacertos, sempre há, mas no geral crescemos nós e crescer é um processo dolorido que talvez por isso nos pareça lento, mas quando atingimos um determinado ponto e olhamos pra trás o que mais dói é a saudade e a constatação de que se tudo foi muito rápido, por falta de cuidado, sobrou tão pouco.

É aí, nesta constatação, neste “sobrar tão pouco” que preciso rever o que ainda pode ser revisto, se houver tempo. Este é um caminho ainda possível de trilhar, espero, e as minhas meninas, que cresceram juntas, vão retornar ao porto de partida: meu coração!

Luizinho Trocate
Enviado por Luizinho Trocate em 10/11/2016
Reeditado em 22/08/2020
Código do texto: T5819129
Classificação de conteúdo: seguro