DESCOMPLEXANDO UMA COMPLEXIDADE COMPLEXADA

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Quarta-Feira, 9 de Novembro de 2016

   Lá pelos idos de 1950, o teatrólogo e dramaturgo Nelson Rodrigues criou uma afirmação: Complexo de vira lata. E por extensão, pode-se usar o termo viralatismo. Isto foi gerado pelo fracasso da seleção brasileira na disputa da Copa do Mundo desse ano, quando perdeu para a equipe uruguaia em pleno Maracanã, frustrando a nação inteira.

   Mas ele alongou-se nessa classificação, afirmando que o brasileiro possuía um narcisismo às avessas, cuspindo na própria imagem. Enfim, não possuía autoestima, como seria o esperado, considerando-se num plano menor em relação à outras nações mais avançadas que a nossa.

   Até aí, tudo muito bem e tudo muito bom. Mas acontece que esse processo reverteu-se por completo, sendo que nesses tempos modernos e atuais, o povo parece ter despertado para outras circunstâncias. Daí, sentindo-se muito mais do que realmente é, formando aí um tremendo paradoxo nessa situação.

   Mas foi a partir daquela época que o Brasil começou a deslanchar em termos estruturais e conjunturais. Porque criou uma Consolidação do Trabalho, garantindo os direitos do trabalhador. Mais à frente começou a explorar o petróleo, através da criação da Petrobrás. E logo a seguir montou fábrica de automóvel, enveredando por caminhos de progresso.

   Anos depois passou por um revertério político, onde os militares assumiram o controle da nação, o que alguns denominaram como um golpe. Mas que na verdade, isto sim, foi impedir a um grupo de elementos perigosos, a ideia de implantar no país um regime comunista, tal como na Rússia, China e Cuba.

   Mas durante o perídio chamado de "chumbo", o Brasil avançou extraordinariamente em muitas áreas. E tal período durou por aproximadamente vinte e hum anos, quando em 1985 os militares decidiram passar o comando da nação ao povo, através do Congresso Nacional, onde assumiu o governo o Sr. José Sarney como presidente, mas pela morte do Sr. Tancredo Neves, por doença grave. 

    E foi a partir daí que o país começou a enveredar por caminhos tortuosos, onde a politica que foi desenvolvida pelos que deram andamento a tal processo, começou a praticar horrores, cujos desfechos estamos colhendo nesses nossos dias atuais, onde predominam  a impunidade e a corrupção, em altos índices.

    Então, voltado ao início dessa assertiva, o que se viu e se anda vendo no país, são pessoas desprovidas de qualidades morais e profissionais para o desempenho daquilo que se propõem. Gente despreparada, mas com a má intenção no espírito, querendo locupletar-se de todos os modos e maneiras, bem como em tudo o que se propuserem a realizar.

    E a situação chegou a um tal extremo que, possível e provavelmente, teremos que lidar com situações pesadas. O inchaço do contingente público profissional, promove um peso extraordinário nas contas públicas. Agrava-se tal situação o nível baixo da qualidade laboral, o que implica dizer que o custo disso tudo é extraordinariamente considerável.

    O resumo da ópera define e determina que deverá haver uma guinada para o lado ou para trás, em quase todas as situações que até então foram geradas. Por que, estrutural e conjunturalmente, o nosso país está capengando bastante.   

    E há a necessidade, nesse processo, de rever conceitos, ideias e ações, através de auto crítica e auto análise de todos, principalmente para que cada uma das pessoas no país busque identificar sua parcela de culpa em tanto revertério que existe nele. E sabe-se muito bem, ser esta uma situação utópica. Porque em termos de conscientização, o nosso povo ainda peca ao exagero. Dá até para lembrar de um ditado popular muito conhecido que diz: "Estamos num mato sem cachorro". 

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 09/11/2016
Reeditado em 09/11/2016
Código do texto: T5817813
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